O cinema te seu jeito de pensar: imagens, sensações, ilusões
Feline, Antonione, Winders
A filosofia é essa coisa estranha: ela não é lugar da verdade,
Ela não é lugar de consenso.
Já disse Nietzsche: “Dê-me uma verdade que te dou mil escravos.”
Seguiremos com filosofia em Nietzsche e Deleuze (sem verdade, sem consenso).
Filosofia como encantamento,
Como atitude,
Pois,
Não basta nascer para ser livre: O que é preciso?
É preciso um cuidado: “de-si” e “de-outro”.
A filosofia não pretende dar algo a mais,
mas algo a menos.
Lá na distante Grécia antiga, o teatro não é lazer
Ele é formação.
A filosofia vai sendo e é expressão de um pensar
E este produz desvios.
Já o senso comum é formado pelo hábito.
Precisamos transgredir o hábito.
Dos Anjos, o Augusto diz assim: “Seria a ideia uma construção ou...”
Os artistas são pensadores.
O cinema é feito por eles.
Em um filme existem uma multiplicidade deles na arte do pensar,
No pensar com arte.
O que se pede ao pensar não tão somente a inteligência,
Mas a coragem...
Assim é preciso transgredir o hábito.
Não se pode assim, confundir razão com pensamento.
A matéria do pensamento é a sensação aliada a ideia.
A sensação é aquilo que nos dobra para fora de nós de nós mesmos.
A sensação não nos converte em outra coisa.
A sensação (pela arte) permite a reconstrução do nosso corpo.
Isso acontece quando o cérebro se encontra com as novidades artísticas
criando novas conexões.
A filosofia nunca está sozinha: ela tem várias asas!
A da história,
A da pureza,
A da beleza,
A falta de certeza.
Lugar onde o espadachim chinês aprende a lutar
Ao fazer caligrafia,
O movimento é o centro de tudo!
O movimento, a caligrafia, o poema.
Para de Barros, O Manuel: “O poema é antes de tudo um utensílio.”
Para ficar e avançar: Ninguém é poeta sem morrer.
As verdadeiras coisas na vida acontecem sem aviso.
Buarque, o Chico diz: “Não se afobe não que nada é pra já.”
O amor sabe esperar!
O pensamento, a arte são forças grandes demais.
Assim, segue o baile: quando não estou escrevendo, eu estou morto.
Uma pergunta de um aluno a Nyemaier:
“Qual livro de arquitetura o senhor indica?”
O arquiteto responde: “Pega Graciliano Ramos ou Guimarâes Rosa.”
Leminsky, o Paulo assim diz: “Ele parou para ver o mar, o mar não parou.”
Esse Paulo é demais, pois o melhor da vida é o meio.
O valor de um povo, de uma pessoa está na capacidade de suportar o estranho.
A filosofia é esse estranho.
O cinema a representação do estranhamento.
O modelo para os gregos é o de viajante (tá lá na Odisséia)
O viajante é um estranho.
Entre a vida e o vivo existe um estranhamento.
No cinema temos a physis, que é o que produz.
Temos a natureza que são as coisas que existem.
Essas coisas são poses no meio do movimento.
A percepção é um sombreamento do movimento.
Antonione busca mostrar o invisível: um paradoxo no cinema.
“O Grito” é seu primeiro filme.
Os personagens são espectadores de suas próprias vidas.
Hitchcock transforma os espectadores em personagens.
Seja qual for o caminho, a ideia é:
Estar diante da morte e fazer a filmagem de algo que não tem como expressar.
Pode ser alguém diante de um vulcão em erupção.
Antonione busca os últimos traços de emoção que estão nos seres humanos.
É como se as emoções estivessem em museus.
A noção de extra-campo estabelece o espacial e o espiritual como limites e fronteiras.
Nietzsche diz que é o intempestivo
Para Godard, o cinema existe para tornar o real visível.
Vou para Pasárgada.
A filosofia precisa se aproximar da arte.
Heisenberg afirma sobre a física quântica:
“Alguém diz: - Isso não é física!”
Ele responde: “-Você fica com a física e eu com a quântica.”
Pergunta de Wim Wenders:
“O que acontece com um homem que se coloca nos abismos do mundo?”
O abismo é o terrível... Não sabemos do acontecido!
A arte começa onde a imitação termina.
Será que o quadro revela o artista!?
Temos narrativas que dizem que Kant faz passeios diários.
O que se passa na cabeça de Kant quando ele passeia?
Não sabemos.
Uau, é um abismo radical...
Tiramos e botamos os óculos em intervalos.
O cinema é recheado deles.
Essa é uma categoria.
A música não é categoria, mas se revela protagonista em um filme.
Assim vamos passeando...
Passear é dar passos, é dançar...
Ao fazer isso produzimos imagens.
Estas servem hoje para vender,
Quando deveriam estar a serviço da mudança,
Da transformação
Da transgressão do corpo,
Do próprio pensamento.
Em Deleuze os homens andam com sombrinhas para fugir da chuva e do sol forte.
Em Fred Astaire a chuva é o suporte.
Leva-se além daquilo...é um enquadrar para desenquadrar.
Em Wilde, aquele que é Oscar: O mundo é um teatro e os atores são de péssima qualidade.
No cinema atual seriam bons.
Qual a distância?
Muitas vezes a verdadeira distância é quando se está ao lado.
Assim diz Bergson: “o grande problema da filosofia é afastar-se dos problemas.”
Se assim for não é mais possível contar histórias, pois...
A nossa percepção é um clichê.
Estamos presos na instantaneidade.
Precisamos buscar, construir, produzir a imagem pura,
Esta que seja mais que percepção!
Eis que o que nos vem são linhas de fuga...
Esta é uma linha de vida.
Esta linha nos devolve a nós mesmos.
É a identidade de si.
Somos uma espécie de estilistas de moda.
Precisamos assumir uma atitude investigativa sobre a imagem.
Na era digital todo original é uma cópia.
Assim, onde está a identidade?
Ao fazer uma assinatura, consegue-se fazer tal qual!?
Para improvável.
As várias cópias de um filme são o seu original!?
A identidade é, pois, uma ficção!?
Não tocarei essa canção.
Entrarei na loja de conveniência do posto de combustível.
Lá é onde se entra para sair de algo.
No cinema, no enquadramento é assim: numa loja de conveniência é assim!
A nossa casa pode nos cansar, virar um hábito.
Então, “vamos botar fogo nesse apartamento”
Mas “quero que você venha comigo”.
A música é um portal para o tempo, ou mesmo uma espécie de tempo.
Seja como for... é um estupor!
Onde a vida é doce, sendo, pois, a parte de um monstro marinho.
Em Feline temos: o olhar do monstro e o olhar da menina.
O olhar do monstro representa a morte.
O olhar da menina representa a vida.
Ela não representa ressentimento.
O que um espectador não perdoa: para Feline é que o mundo não tenha sido produzido.
A pergunta é: Por que o pássaro canta?
Não existe finalidade nesse cantar!?
Não podemos afirmar,
Podemos até dizer:
O filme só se resolve quando se tem a vida nas personagens.
Isto é nos encantar.
Deixemo-nos filmar!