Produzir moda no Brasil nunca foi tarefa fácil, mas Lucca Akabomb, fundador da marca de streetwear Akabomb, prova que, com estratégia e propósito, é possível transformar obstáculos em oportunidades. Em um setor marcado por desafios como a escassez de mão de obra qualificada, oscilações de preços e a busca por sustentabilidade, a marca alcançou um impressionante crescimento de 105% no faturamento anual em 2024.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT), o Brasil é o quarto maior produtor de vestuário do mundo, movimentando cerca de R$ 194 bilhões ao ano. Apesar disso, a qualificação técnica ainda é um problema para 30% das empresas do setor, um reflexo sentido diretamente pela Akabomb. “Encontrar mão de obra comprometida é um grande desafio. Muitas vezes, fornecedores não entregam o prometido, e isso compromete todo o planejamento”, desabafa Lucca.
Outro fator crítico são as oscilações de preços. Dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostram que o custo de tecidos e aviamentos subiu 12% nos últimos dois anos. Para Lucca, isso exige um controle logístico quase cirúrgico. “A cada coleção, precisamos recalcular tudo. O preço de um tecido hoje pode variar muito em questão de semanas. É desafiador manter previsibilidade em um mercado tão instável.”
Mesmo diante dessas dificuldades, a Akabomb encontrou seu diferencial ao abraçar o conceito de slow fashion, priorizando sustentabilidade e consumo consciente. Essa abordagem já reduziu 20% do desperdício de materiais e atraiu consumidores que valorizam práticas responsáveis. “Estamos criando roupas que contam histórias e duram. Para nós, a sustentabilidade não é só estratégia; é um compromisso com o futuro”, explica o empresário.
A receita para o sucesso da Akabomb também inclui metas claras e foco no cliente. Lucca admite que no início não tinha objetivos bem definidos, mas hoje cada decisão é pautada por uma visão de longo prazo. Esse planejamento é o que sustenta a marca em um mercado onde quase metade das pequenas empresas de moda fecha nos primeiros três anos, segundo o Sebrae.
Com o streetwear como linguagem e a sustentabilidade como bandeira, a Akabomb não apenas vende roupas, mas constrói um movimento. “A moda precisa ser mais do que produto. Ela tem que ter significado, propósito e criar conexões reais. E é isso que nos motiva a seguir em frente, apesar de todos os desafios”, conclui Lucca Akabomb.
Entre desafios e conquistas, a Akabomb é a prova de que, na moda brasileira, persistir é um ato de coragem — e também de inovação.