Meio Ambiente
Embasa: Projeto promove saneamento rural simplificado em bacias hidrográficas do Joanes e do Jacuípe
Iniciado em 2016, o Projeto Guardiões das Águas dos rios Joanes e Jacuípe apresenta uma proposta inovadora
17/04/2023 10h36
Por: Fonte: Embasa
Foto: Divulgação

Como dotar pequenas propriedades agrícolas, situadas no meio rural, de um sistema de saneamento compacto e economicamente acessível, que evite o lançamento do esgoto doméstico no ambiente, contaminando rios e águas subterrâneas? A solução encontrada pelo Projeto Guardiões das Águas dos rios Joanes e Jacuípe, desenvolvido pela Embasa e parceiros institucionais, foi a construção de fossas sépticas ecológicas (FSE), uma tecnologia eficiente e de baixo custo, que está sendo implantada inicialmente como experiência piloto em dez propriedades rurais da região metropolitana de Salvador. 

A ideia é que a experiência seja replicada na área de abrangência do projeto, contribuindo para a preservação ambiental das bacias hidrográficas e para a saúde dos moradores. Mais 90 fossas sépticas ecológicas devem ser implantadas até o fim do semestre, graças a uma parceria do projeto Guardiões com as empresas Coca Cola/SOLAR e Minalba Brasil, que também viabilizará oficina de educação sanitária e ambiental para cada família contemplada. A Embasa está trabalhando para que outras empresas da região metropolitana de Salvador contribuam para o projeto, que contempla não apenas as fossas, mas diversas outras ações de educação, recuperação e conservação ambiental. 

Cada família beneficiada recebe um kit de FSE, que consegue coletar e tratar o esgoto gerado por cinco pessoas, destinando o efluente tratado para a irrigação de árvores frutíferas no quintal. O kit é composto de três bombonas plásticas de 200 litros cada, ligadas por tubos de PVC. Caso a família tenha mais de cinco pessoas, é necessário incluir mais bombonas para aumentar a capacidade de tratamento. As fossas sépticas ecológicas recolhem exclusivamente o esgoto do vaso sanitário do banheiro. A água usada no chuveiro e nas pias é destinada para irrigação de árvores frutíferas, sem passar pelas bombonas.   

“Trata-se de um sistema simplificado, unitário e isolado, próprio para a área rural, que promove o tratamento do esgoto por sedimentação e decomposição anaeróbia”, explica Thiago Hiroshi, gerente da Unidade Socioambiental da Embasa. “Além de promover um grande benefício ambiental, essa tecnologia preserva a saúde das famílias e ainda possibilita dar novos usos à área do quintal, que, em algumas casas, era usada para o descarte de resíduos”, explica.     

O presidente da Embasa, Leonardo Góes, ressalta que o Guardiões das Águas é um projeto que tem como premissa o envolvimento da comunidade de agricultores nas soluções ambientais visando a conservação das bacias do Joanes e Jacuípe. “Tudo é decidido com a participação dos agricultores e de suas famílias. No caso das fossas ecológicas, os moradores decidiram por essa solução, aprenderam a instalar a tecnologia, a dar manutenção no sistema após a instalação e vão difundir o conhecimento adquirido nas comunidades vizinhas”, esclarece. 

O agricultor Valmir Francisco dos Santos, que vive em uma propriedade rural próxima ao reservatório da barragem de Santa Helena, já está com sua fossa séptica ecológica instalada em casa. Ele percebeu muitas vantagens em relação à fossa simples que possuía antes, no modelo conhecido como “sumidouro”. “Fomos a uma reunião do projeto e conhecemos essa fossa séptica ecológica, que é muito melhor porque os dejetos não poluem a natureza e a água sai do equipamento tratada, podendo ser aproveitada para irrigar árvores”, relata. Como os demais agricultores envolvidos no projeto, Valmir tem plena consciência do impacto das ações humanas no meio-ambiente. “Muitas pessoas desmatam e quem vai sofrer é a população, que vai ficar sem água. Se todos tivessem consciência, seria muito diferente”.   

Preservação das águas subterrâneas, nascentes e rios         

Iniciado em 2016, o Projeto Guardiões das Águas dos rios Joanes e Jacuípe apresenta uma proposta inovadora: engajar os próprios agricultores e suas famílias, que vivem nas bacias hidrográficas onde são “produzidas” as águas dos rios que abastecem as cidades, em ações de recuperação e manutenção do ambiente natural, remunerando-os e estimulando-os financeiramente por esse trabalho, por meio de uma metodologia de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA). A política de PSA prevê também a oferta de assistência técnica, oficinas de educação ambiental e melhoria de estradas, entre outros benefícios indiretos. A ideia é que essas famílias possam se manter na região, contribuindo para a manutenção dos mecanismos naturais de renovação da água dos rios Joanes e Jacuípe, que fornecem água para o sistema de abastecimento de Salvador e sua região metropolitana. 

O controle social da iniciativa se dá por meio de uma Unidade Gestora do Projeto (UGP), coordenada pela Embasa, com participação de representantes das prefeituras municipais envolvidas, do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), da Universidade Federal da Bahia (Ufba), da superintendência estadual do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA) e das comunidades beneficiadas. Em suas primeiras etapas, o Guardiões das Águas promoveu a regularização de 319 imóveis rurais familiares, realizou 40 oficinas de educação ambiental, elaborou mapas com a localização das nascentes por bacia e por município, recuperou mais de cem hectares de área de proteção ambiental, cercou e recuperou mais de cem nascentes, que agora estão sendo preservadas pelos agricultores.