Na manhã desta sexta-feira, 26 de abril de 2024, a equipe de reportagem do É Notícias teve acesso exclusivo à formalização de uma queixa na 36ª Delegacia Territorial de Mata de São João. O motivo: um crime religioso ocorrido durante a abertura da Semana da Cultura Evangélica, na Casa da Cultura local.
O acontecimento, que ganhou ampla repercussão após a divulgação de um vídeo nas redes sociais, apresentou o pastor David Josue, vindo de São Paulo, proferindo declarações perturbadoras dirigidas ao prefeito Bira da Barraca. Josue alegou ter conhecimento de um suposto trabalho espiritual visando prejudicar a felicidade do prefeito, atribuindo-o a práticas religiosas.
As palavras do pastor não apenas impactaram os presentes, mas também geraram comoção na comunidade religiosa local, incluindo figuras de destaque como a Ialorixá Cícera de Igbalé. Em um vídeo publicado como nota de repúdio, Cícera expressou sua indignação, classificando o ocorrido como racista e revoltante, e destacando o compromisso do candomblé com a paz e a resiliência.
Essa indignação motivou representantes da comunidade religiosa, incluindo Yalorixá Cicera, Ekedi Silvani e Ogan Mestre Daniel Pantera, a agir imediatamente. Ações concretas foram tomadas, incluindo o registro de um Boletim de Ocorrência na delegacia local e a formalização de uma denúncia junto ao Ministério Público.
Além disso, em uma reunião virtual com lideranças religiosas e representantes da sociedade, foram definidos outros encaminhamentos. Entre eles, a representação em órgãos como a SEPROME, AFA e FECAB, demonstrando a determinação da comunidade em enfrentar e repudiar discursos ofensivos e discriminatórios.
"Nós não vamos ficar calados diante dessa atrocidade", afirmou Yalorixá Cicera. O grupo reafirma seu compromisso com a paz, o respeito e a convivência pacífica entre as diferentes crenças e tradições religiosas, buscando, através das vias legais, que a justiça seja feita. O crime religioso não será tolerado e a comunidade religiosa de Mata de São João se mantém unida em busca de seus direitos e da harmonia entre todos os credos.
"A intolerância religiosa é um câncer em nossa sociedade, e eventos públicos como este deveriam ser um espaço de respeito e celebração da diversidade", criticou o Major Jaildo em entrevista exclusiva ao É Notícias. "É inaceitável que discursos de ódio sejam proferidos livremente, especialmente em um contexto tão emblemático como uma semana dedicada à cultura evangélica. Precisamos de ações concretas para combater esse tipo de comportamento e promover o respeito mútuo entre todas as crenças."
"Ao trazermos à tona esse assunto no É Notícias, despertamos a atenção de outros veículos de imprensa importantes, como o BNews e Ipirá Notícias, que também deram destaque à história", ressaltou Ramon Santos, Diretor de Jornalismo do É Notícias. "Isso evidencia a relevância do tema e reforça a necessidade urgente de combater a intolerância religiosa, que ainda persiste em nossa sociedade."
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