O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou nesta quarta-feira (27) que os possíveis efeitos da expansão do crédito consignado para trabalhadores celetistas (com carteira assinada) ainda não foram incorporados às projeções da autoridade monetária. A declaração foi dada durante a apresentação do Relatório de Política Monetária (RPM) do primeiro trimestre.
Galípolo destacou que há incertezas sobre "como isso vai se desdobrar no tempo", referindo-se aos impactos da medida no consumo, na inflação e na atividade econômica. O crédito consignado, que tem taxas de juros menores por ter desconto em folha de pagamento, foi ampliado recentemente para incluir mais trabalhadores formais, o que pode influenciar o acesso ao crédito e o endividamento das famílias.
O BC tem monitorado o cenário, mas ainda não incluiu os efeitos da medida em seus modelos, o que pode ser revisado conforme os dados forem consolidados. A cautela reflete a preocupação com possíveis pressões inflacionárias ou mudanças no comportamento de gastos dos consumidores.
O RPM também reforçou a expectativa de continuidade no processo de redução da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 10,75% ao ano, desde que os indicadores de inflação e atividade estejam alinhados com as metas. A próxima decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) está marcada para 8 de maio.