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Sobre Cinema e Filosofia

Entre a Imagem e a Sensação: Filosofia e Cinema como Caminhos de Transgressão e Reconstrução

Por: Everton Carneiro
26/11/2024 às 14h31
Sobre Cinema e Filosofia
Foto: É Notícias

O cinema te seu jeito de pensar: imagens, sensações, ilusões

                                                           Feline, Antonione, Winders

A filosofia é essa coisa estranha: ela não é lugar da verdade,

                                                           Ela não é lugar de consenso.

Já disse Nietzsche: “Dê-me uma verdade que te dou mil escravos.”

Seguiremos com filosofia em Nietzsche e Deleuze (sem verdade, sem consenso).

Filosofia como encantamento,

                Como atitude,

                Pois,

Não basta nascer para ser livre: O que é preciso?

É preciso um cuidado: “de-si” e “de-outro”.

 

A filosofia não pretende dar algo a mais, 

mas algo a menos.

Lá na distante Grécia antiga, o teatro não é lazer

Ele é formação.

A filosofia vai sendo e é expressão de um pensar

E este produz desvios.

Já o senso comum é formado pelo hábito.

Precisamos transgredir o hábito.

 

Dos Anjos, o Augusto diz assim: “Seria a ideia uma construção ou...”

Os artistas são pensadores. 

O cinema é feito por eles.

Em um filme existem uma multiplicidade deles na arte do pensar,

No pensar com arte.

O que se pede ao pensar não tão somente a inteligência,

Mas a coragem...

Assim é preciso transgredir o hábito.

 

Não se pode assim, confundir razão com pensamento.

A matéria do pensamento é a sensação aliada a ideia.

A sensação é aquilo que nos dobra para fora de nós de nós mesmos.

A sensação não nos converte em outra coisa.

A sensação (pela arte) permite a reconstrução do nosso corpo.

Isso acontece quando o cérebro se encontra com as novidades artísticas

criando novas conexões.

 

A filosofia nunca está sozinha: ela tem várias asas!

A da história,

A da pureza,

A da beleza,

A falta de certeza.

Lugar onde o espadachim chinês aprende a lutar 

Ao fazer caligrafia,

O movimento é o centro de tudo!

 

O movimento, a caligrafia, o poema.

Para de Barros, O Manuel: “O poema é antes de tudo um utensílio.”

Para ficar e avançar: Ninguém é poeta sem morrer.

As verdadeiras coisas na vida acontecem sem aviso.

Buarque, o Chico diz: “Não se afobe não que nada é pra já.”

O amor sabe esperar!

O pensamento, a arte são forças grandes demais.

Assim, segue o baile: quando não estou escrevendo, eu estou morto.

Uma pergunta de um aluno a Nyemaier: 

“Qual livro de arquitetura o senhor indica?”

O arquiteto responde: “Pega Graciliano Ramos ou Guimarâes Rosa.”

 

Leminsky, o Paulo assim diz: “Ele parou para ver o mar, o mar não parou.”

Esse Paulo é demais, pois o melhor da vida é o meio.

O valor de um povo, de uma pessoa está na capacidade de suportar o estranho.

A filosofia é esse estranho.

O cinema a representação do estranhamento.

O modelo para os gregos é o de viajante (tá lá na Odisséia)

O viajante é um estranho.

Entre a vida e o vivo existe um estranhamento.

 

No cinema temos a physis, que é o que produz.

Temos a natureza que são as coisas que existem.

Essas coisas são poses no meio do movimento.

A percepção é um sombreamento do movimento.

Antonione busca mostrar o invisível: um paradoxo no cinema.

“O Grito” é seu primeiro filme.

Os personagens são espectadores de suas próprias vidas.

Hitchcock transforma os espectadores em personagens.

Seja qual for o caminho, a ideia é:

Estar diante da morte e fazer a filmagem de algo que não tem como expressar.

Pode ser alguém diante de um vulcão em erupção.

Antonione busca os últimos traços de emoção que estão nos seres humanos.

É como se as emoções estivessem em museus.

A noção de extra-campo estabelece o espacial e o espiritual como limites e fronteiras.

Nietzsche diz que é o intempestivo

Para Godard, o cinema existe para tornar o real visível.

 

Vou para Pasárgada.

A filosofia precisa se aproximar da arte.

Heisenberg afirma sobre a física quântica:

“Alguém diz: - Isso não é física!”

Ele responde: “-Você fica com a física e eu com a quântica.”

 

Pergunta de Wim Wenders:

“O que acontece com um homem que se coloca nos abismos do mundo?”

O abismo é o terrível... Não sabemos do acontecido!

A arte começa onde a imitação termina.

Será que o quadro revela o artista!?

Temos narrativas que dizem que Kant faz passeios diários.

O que se passa na cabeça de Kant quando ele passeia?

Não sabemos.

Uau, é um abismo radical...

Tiramos e botamos os óculos em intervalos.

O cinema é recheado deles.

Essa é uma categoria.

A música não é categoria, mas se revela protagonista em um filme.

Assim vamos passeando...

Passear é dar passos, é dançar...

Ao fazer isso produzimos imagens.

Estas servem hoje para vender,

Quando deveriam estar a serviço da mudança, 

Da transformação

Da transgressão do corpo,

Do próprio pensamento.

Em Deleuze os homens andam com sombrinhas para fugir da chuva e do sol forte.

Em Fred Astaire a chuva é o suporte.

Leva-se além daquilo...é um enquadrar para desenquadrar.

 

Em Wilde, aquele que é Oscar: O mundo é um teatro e os atores são de péssima qualidade.

No cinema atual seriam bons.

Qual a distância?

Muitas vezes a verdadeira distância é quando se está ao lado.

Assim diz Bergson: “o grande problema da filosofia é afastar-se dos problemas.”

Se assim for não é mais possível contar histórias, pois...

A nossa percepção é um clichê.

Estamos presos na instantaneidade.

Precisamos buscar, construir, produzir a imagem pura,

Esta que seja mais que percepção!

Eis que o que nos vem são linhas de fuga...

Esta é uma linha de vida.

Esta linha nos devolve a nós mesmos.

É a identidade de si.

 

Somos uma espécie de estilistas de moda.

Precisamos assumir uma atitude investigativa sobre a imagem.

Na era digital todo original é uma cópia.

Assim, onde está a identidade?

Ao fazer uma assinatura, consegue-se fazer tal qual!?

Para improvável.

As várias cópias de um filme são o seu original!?

A identidade é, pois, uma ficção!?

 

Não tocarei essa canção.

Entrarei na loja de conveniência do posto de combustível.

Lá é onde se entra para sair de algo.

No cinema, no enquadramento é assim: numa loja de conveniência é assim!

A nossa casa pode nos cansar, virar um hábito.

Então, “vamos botar fogo nesse apartamento”

Mas “quero que você venha comigo”.

A música é um portal para o tempo, ou mesmo uma espécie de tempo.

Seja como for... é um estupor!

Onde a vida é doce, sendo, pois, a parte de um monstro marinho.

Em Feline temos: o olhar do monstro e o olhar da menina.

O olhar do monstro representa a morte.

O olhar da menina representa a vida.

Ela não representa ressentimento.

O que um espectador não perdoa: para Feline é que o mundo não tenha sido produzido.

A pergunta é: Por que o pássaro canta?

Não existe finalidade nesse cantar!?

Não podemos afirmar,

Podemos até dizer:

O filme só se resolve quando se tem a vida nas personagens.

Isto é nos encantar.

Deixemo-nos filmar! 

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