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Parte I – Sobre o “É”

11/11/2024 às 00h48 Atualizada em 11/11/2024 às 00h48
Por: Everton Carneiro
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Foto: Reprodução / É Notícias
Foto: Reprodução / É Notícias

O “É”, na sua forma de terceira pessoa do singular do verbo ser, transcende seu lugar gramatical para se transformar num elemento fundamental na discussão ontológica. A ontologia, enquanto ramo da filosofia que pesquisa a natureza do ser e da existência, depara-se no “é” como um ponto de partida para reflexões profundas e largas sobre o real e a própria verdade.

O “é” é uma declaração de existência. Quando pronunciamos "a grama é verde", estamos não apenas delineando uma qualidade, mas afirmando a presença de algo que possui uma essência própria. Essa simples palavra transporta o peso da realidade, pois ela constitui um vínculo entre o sujeito e a característica, definindo a identidade e a essência das coisas.

O uso do “é” também implica questões de identidade. Ao afirmar “Ele é professor”, estamos definindo uma parcela da identidade do sujeito. Essa definição não é estática, estando em diálogo com o conceito de alteridade, pois o que um ser é pode ser compreendido em relação ao que não é. A ontologia nos leva a questionar: o que significa ser? Como as identidades são construídas e desconstruídas no tempo e no espaço?

No pensamento filosófico, de maneira especial na tradição de pensadores como Sartre e Heidegger, a distinção entre essência e existência torna-se crucial. O “é” nos convida a refletir sobre essa dualidade. O que significa que algo "é"? É a sua essência que delibera sua existência ou é a sua existência que dá forma à sua essência? Essa questão é basilar para percebermos como entendemos o mundo.

Outro aspecto importante do “é” é sua relação com o tempo. Enquanto outras formas verbais podem indicar passado ou futuro, o “é” aponta para uma permanência ou uma verdade atemporal. Essa característica provoca reflexões sobre a natureza do tempo e como ele afeta nossa compreensão do ser. Ao afirmar algo no presente, estamos também lidando com as alusões dessa afirmação ao longo do tempo.

Por fim, o “é” exemplifica como a linguagem molda nossa percepção da realidade. Através dele, edificamos narrativas sobre nós mesmos e também sobre o mundo. A maneira como utilizamos o verbo ser revela não apenas informações, mas também nossas crenças, valores e visões de mundo.

Desta forma, o “é”, enquanto forma verbal do verbo ser, vai muito além de uma simples função gramatical, estando inserido em um debate filosófico profundo e largo sobre a natureza da existência e da identidade. Ao explorar suas implicações ontológicas, somos levados a questionar não apenas o que significa existir, mas também como nossas percepções moldam nossa compreensão do mundo e de nós mesmos. Assim, o “é” se torna uma ponte entre linguagem e filosofia, um convite à reflexão sobre aquilo que somos e aquilo que nos cerca.

Continuaremos tentando desvelar esse título “É Notícias” na segunda parte desse texto, quando trataremos sobre “Notícias” e depois quando juntaremos o verbo e o substantivo.

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César Costa VitorinoHá 3 dias Salvador Excelente reflexão.
RicardoHá 3 dias CarraPBÓtimo texto, essas noções são muito boas, caso queira ainda tem conteúdo Para a parte 2. Por exemplo: o "é" também pode indicar semelhança. Claro que no fim das contas o significado vai ser determinado pelo contexto.
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Everton Carneiro
Sobre o blog/coluna
Professor Adjunto da Universidade do Estado da Bahia. Professor da Rede de Ensino da Secretaria Municipal de Igrapiúna. Pós-doutor em Educação (UFC); Pós-doutor em Crítica Cultural (UNEB); Doutor e Mestre em Teologia (EST); Especialização: Educação, Desenvolvimento e Políticas Públicas (FACIBA); Filosofia Contemporânea (Faculdade São Bento); Ética, Educação e Teologia (EST); Graduação: Geografia (UEFS); Filosofia (UNIPLENA); Teologia (Faculdade Batista Brasileira) e Pedagogia (Centro Universitário Cidade Verde). Membro do GEPERCS (Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação, Religião, Cultura e Saúde); Professor Permanente do Programa de Pós-graduação Profissional em Intervenção Educativa e Social (UNEB – Campus XI). Professor Permanente do Programa de Pós-graduação em Gestão e Tecnologias Aplicadas a Educação (UNEB – Campus I). Coordenador do CEPICR (Centro de Estudos e Pesquisas Internacional em Culturas e Religiões). Líder do GPEARA (Grupo de Pesquisa em Estudos Africanos e Representações da África). Autor dos livros: "Mitologia Grega e Bíblica - Narrativas de transgressão; "Filosofia, Teologia e Poesia"; "Ética e Hermenêutica”; “Sobre, Entre e Para”; “Ensino religioso: política, diversidade, fenômeno religioso e práticas pedagógicas”; “Pílulas Freirianas”.
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