O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, surpreendeu ao mencionar positivamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante seu discurso na 80ª Assembleia-Geral das Nações Unidas, nesta segunda-feira (23). O republicano relatou que conversou brevemente com Lula nos corredores da ONU e que ambos marcaram um encontro para a próxima semana.
As declarações vieram em um contexto de forte tensão diplomática: Washington anunciou recentemente um tarifaço de 50% sobre as importações brasileiras e impôs sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em meio ao processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acusado de tentativa de golpe de Estado.
“Eu o vi, e ele me viu, nós nos abraçamos. Não tivemos muito tempo para falar, só uns 20 segundos, mas tivemos uma boa conversa. Ele parece um cara muito legal, na verdade. Ele gostou de mim, e eu gostei dele, e eu só faço negócios com pessoas de quem eu gosto. Tivemos uma excelente química, e isso é um bom sinal”, disse Trump, arrancando aplausos de parte da plateia.
Apesar da proximidade política que historicamente manteve com Bolsonaro, o presidente americano não mencionou o ex-mandatário em nenhum momento de sua fala.
Em um discurso que durou quase uma hora, Trump afirmou que o Brasil enfrenta tarifas como “resposta contra seus esforços sem precedentes para interferir nos direitos e liberdades de cidadãos americanos e outros”. Ele reforçou que “sempre vai defender os direitos” dos Estados Unidos e que o Brasil só terá benefícios quando cooperar com Washington.
A ausência de qualquer referência a Bolsonaro foi interpretada por analistas como um sinal de distanciamento político. Ao mesmo tempo, o tom cordial em relação a Lula sugere uma tentativa de aproximação, apesar das tensões comerciais entre os dois países.