A gravação do novo DVD de Wesley Safadão, intitulada “Muído de Vaquejada”, realizada no dia 19 de setembro em Surubim (PE), continua dando o que falar — e não apenas pelo espetáculo visual e pela grandiosidade da produção. A ausência do cantor Arrypiado, irmão do saudoso Kara Veia, chamou atenção e gerou polêmica entre fãs do forró de vaquejada.

Safadão reuniu grandes nomes do gênero, incluindo Tarcísio do Acordeon, João Gomes, Zé Vaqueiro, Eric Land, Natanzinho e Rey Vaqueiro, além de artistas convidados para celebrar a cultura nordestina e o legado de Kara Veia, considerado um dos maiores símbolos do forró de vaquejada. O cantor dedicou um momento especial do DVD à memória do vaqueiro Edvaldo José de Lima, o eterno Kara Veia, cuja voz e estilo influenciaram gerações de artistas.

No entanto, o que era para ser uma homenagem unânime acabou provocando controvérsia. Isso porque Safadão convidou as filhas de Kara Veia para participar da gravação, mas deixou de fora Arrypiado, irmão do cantor — que, além de também ser artista, foi compositor de clássicos eternizados na voz do ídolo, como “Você Fugiu de Mim” e “Fim do Nosso Amor”.

A decisão de não incluir Arrypiado no tributo foi vista por muitos como uma injustiça histórica, não apenas pela relação familiar, mas pela trajetória compartilhada dos irmãos. Arrypiado esteve ao lado de Kara Veia muito antes dele se tornar artista, trabalhando juntos na lida do gado no sertão alagoano, vivenciando a vida difícil do campo. Mais tarde, a parceria seguiu nos palcos, onde dividiram shows e mantiveram viva a essência do forró de vaquejada.

“Ele era mais que irmão, era parceiro de composição, presença nos bastidores e um dos responsáveis por letras que marcaram uma geração”, comentam fãs nas redes sociais.

Além disso, Arrypiado mantém uma carreira sólida e ativa. Nos últimos meses, lançou um novo clipe, “Não Vacila Não”, reforçando seu compromisso com o forró de vaquejada e mantendo viva a memória e a tradição da música nordestina. Essa trajetória ativa torna a ausência dele no projeto ainda mais notória para muitos admiradores do gênero.

A ausência fica ainda mais evidente diante do número de participações especiais no projeto. Safadão reuniu mais de dez artistas no palco, numa megaestrutura que mobilizou fãs de todo o Nordeste. O evento, apontado como um dos maiores já realizados em Surubim, consolidou o “Muído de Vaquejada” como um dos projetos mais ambiciosos da carreira do cantor cearense.

Mesmo com o sucesso da gravação, o episódio reacendeu debates sobre reconhecimento, memória e justiça musical dentro do forró de vaquejada. Para muitos, o nome de Arrypiado deveria estar presente em qualquer homenagem a Kara Veia — não apenas por laços de sangue, mas pelo papel que teve na criação do repertório que eternizou o vaqueiro alagoano.

Kara Veia, que morreu em 2004, aos 31 anos, deixou um legado que atravessa gerações. Canções como “Foi Você”, “Filho sem Sorte” e “Mulher Ingrata e Fingida” seguem sendo celebradas em vaquejadas, playlists e festivais. Sua história — marcada por talento, sofrimento e amor à música — o transformou em ícone do gênero e influência direta para nomes como João Gomes, Zé Vaqueiro e Tarcísio do Acordeon.

Com o sucesso do novo DVD, o nome de Kara Veia volta ao centro das atenções. Mas, para os fãs mais atentos, a homenagem só será completa quando todos que ajudaram a construir essa história também tiverem o devido reconhecimento.