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Transporte alternativo no Litoral Norte sob suspeita de “Milícia do Asfalto”

Denúncias apontam superlotação crônica, favorecimento a uma única cooperativa e possível ligação com agentes de segurança pública

Redação
Por: Redação
01/10/2025 às 13h04 Atualizada em 13/10/2025 às 20h17
Transporte alternativo no Litoral Norte sob suspeita de “Milícia do Asfalto”
Motoristas independentes parados na BA-099, enquanto as vans da Expresso Linha Branca passam livremente. Foto: Reprodução / Vídeo exclusivo do É Notícias.

O transporte alternativo que liga Salvador à Estrada do Coco/Linha Verde (BA-099) está sob forte suspeita. O É Notícias tem acompanhado e apurado denúncias sobre o caso há aproximadamente 36 meses, reunindo relatos, indicios e documentos que apontam irregularidades graves. Passageiros e motoristas denunciam que vans da Cooperativa Expresso Linha Branca operam com superlotação crônica e desfrutam de tratamento diferenciado por parte dos órgãos fiscalizadores, levantando a suspeita de um esquema classificado por alguns como “Milícia do Asfalto”.

O termo usado por motoristas e usuários ganha força diante de informações obtidas pela redação. Fontes revelaram que boa parte dos membros da Linha Branca seria constituída por policiais militares, civis, políticos e agentes fiscalizadores, incluindo um dos diretores da cooperativa com ligação direta à corporação policial. Essa estrutura, segundo os denunciantes, explicaria a sensação de impunidade e a dificuldade de fiscalização efetiva no trecho da BA-099.

As denúncias indicam descumprimento flagrante da legislação de transporte. De acordo com as normas, cada van deveria transportar no máximo 17 passageiros. No entanto, relatos apontam que a realidade é muito mais grave nas linhas operadas pela Expresso Linha Branca.

Foto: Reprodução / Video

Usuários afirmam ter presenciado situações em que os veículos chegavam a carregar entre 30 e 50 pessoas, colocando a segurança de todos em risco.

“Já peguei van da Linha Branca com quase o dobro de passageiros do permitido. É lotação demais, gente em pé e até encostada na porta. Dá medo passar por acidente”, relatou um passageiro que preferiu não se identificar.

A reportagem teve acesso a filmagens que parecem mostrar uma conivência da Polícia Rodoviária Estadual (PRE) durante fiscalizações na BA-099.

Foto: Reprodução / Video

Em um dos vídeos, um motorista da Linha Branca é flagrado descendo da van para conversar com um agente da corporação na parte traseira do veículo. Imediatamente após a breve interação, o veículo é liberado e segue deslocamento normalmente, mesmo, segundo usuários, operando em condições de superlotação.

“Tem dias que é impossível conseguir se deslocar sem enfrentar superlotação. Parece que a fiscalização não vê isso acontecer com eles”, contou outro usuário, também sob condição de anonimato.

Além dos relatos colhidos pela reportagem, um caso registrado no site Reclame Aqui reforça as denúncias contra a Cooperativa Expresso Linha Branca. Segundo a publicação, no dia 15 de agosto de 2025, por volta das 12h50–13h, um passageiro relatou ter embarcado em uma van da cooperativa, na região de Guarajuba, com destino à Estação Aeroporto, e encontrado o veículo já superlotado.

De acordo com o relato, mesmo diante da falta de assentos, o cobrador continuava chamando passageiros para entrar e permanecer em pé, prometendo que alguns desceriam no caminho — o que não ocorreu. O consumidor afirmou ainda ter sido humilhado, discutido e até xingado pelo cobrador quando se recusou a ceder espaço em condições que considerava inseguras, sendo forçado a se deslocar para trás, quase caindo sobre outros passageiros.

O denunciante disse que, diante das ameaças, chegou a ligar para o 190 solicitando cobertura de segurança ao chegar na Estação Aeroporto, temendo ser agredido. A queixa foi registrada oficialmente na plataforma em 24 de agosto de 2025, às 17h39.

A diferença de tratamento em relação a outros grupos que atuam no transporte alternativo na região é o que sustenta a tese do que motoristas e passageiros têm chamado de “Milícia do Asfalto”. Segundo relatos obtidos pela reportagem, o grupo estaria buscando impedir ou inviabilizar a atuação de motoristas independentes e de outras cooperativas, sufocando-os com fiscalizações e notificações constantes — criando assim uma espécie de monopólio no transporte alternativo da região. Eles afirmam que determinados agentes ou interesses estariam favorecendo a atuação de uma única cooperativa em detrimento da segurança e da concorrência leal.

O É Notícias buscou esclarecimentos com os órgãos competentes e com a cooperativa denunciada. A Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba) e a Polícia Rodoviária Estadual (PRE) foram procuradas para questionar a atuação no trecho da BA-099, mas não houve retorno até o fechamento desta matéria. A Cooperativa Expresso Linha Branca também foi contatada, sem resposta.

O caso segue em investigação. Na próxima edição, o É Notícias irá revelar quem está por trás da Linha Branca e detalhar o modus operandi do que tem sido chamado de “Milícia do Asfalto”.

O espaço segue aberto para esclarecimentos da Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba), da Polícia Rodoviária Estadual (PRE) e da Cooperativa Expresso Linha Branca.

 
 
 
 
 
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