
Apesar de ser a cidade com melhor posição geográfica para receber indústrias ligadas ao Polo Petroquímico de Camaçari, Dias d’Ávila atravessa um período de retração econômica e perda de competitividade. O município, historicamente apresentado como área de expansão e polo de apoio logístico, tornou-se justamente o inverso: um território que mais assiste investimentos partirem do que chegarem.
Empresas que chegaram a prospectar sede na cidade, atraídas pela infraestrutura natural e pela proximidade com o Polo, optaram por se instalar em outros municípios da Região Metropolitana. Em muitos casos, a análise de logística, incentivos, segurança jurídica e tributação fez com que cidades mais distantes, porém mais estruturadas, se tornassem opções mais atraentes do que Dias d’Ávila — que, no papel, deveria ocupar o protagonismo industrial da região.
A possível descontinuidade das atividades da Cariba Metais, uma das indústrias mais representativas instaladas na cidade, acendeu o sinal vermelho definitivo. Se confirmada, a saída não representaria apenas a perda de uma unidade industrial, mas um marco econômico e simbólico: Dias d’Ávila deixaria de ser destino e passaria a ser ponto de fuga empresarial.
A Cariba integra uma cadeia de empregos diretos, indiretos, fornecedores, arrecadação e circulação de renda que movimenta parte significativa do setor produtivo local. Uma despedida nesse porte consolidaria a leitura de que o município entrou em ciclo de perda gradativa e contínua de capacidade de retenção industrial.
A abundância hídrica, fator determinante e tecnicamente vantajoso para captação de indústrias de médio e grande porte, não se converte em desenvolvimento. Enquanto municípios vizinhos modernizaram distritos industriais, simplificaram licenciamento, criaram pacotes de estímulo fiscal e segurança jurídica, Dias d’Ávila permaneceu sem política clara de atração e manutenção de empreendimentos.
Na última década, foi o município da RMS que menos recebeu novos investimentos — justamente aquele com a maior vantagem logística natural.
A reconfiguração econômica de Dias d’Ávila ocorre em meio a uma crítica recorrente do setor produtivo: a ausência de um plano político de desenvolvimento industrial. A gestão do prefeito Alberto Castro não implementou, até o momento, pacote de incentivos, política de simplificação fiscal ou projetos de captação ativa de empreendimentos.
Enquanto cidades menores enviam comitivas para feiras internacionais, rodadas de negócios e mesas com o Polo e com o Estado, Dias d’Ávila se mantém em postura passiva — acompanhando movimentos, não conduzindo diálogos.
ausência de plano de desenvolvimento industrial
falta de contrapartidas ou incentivos fiscais
instabilidade política e burocrática
inexistência de política de retenção
paralisia estratégica diante de oportunidades do Polo
A cidade que deveria estar sentada à mesa de decisão aparece apenas como observadora periférica. A proximidade geográfica com o maior complexo petroquímico do Hemisfério Sul não se converte em prioridade de gestão, investimento ou planejamento.
A retração empresarial não é fenômeno isolado: é consequência direta de escolhas políticas, ausência de planejamento e falta de agenda industrial. A eventual saída da Cariba Metais expõe, de forma incontornável, o custo da paralisia administrativa.
Se confirmada, representará:
desemprego em cadeia
redução de arrecadação
enfraquecimento do comércio local
estagnação logística e produtiva
perda irreversível de competitividade
Ao mesmo tempo em que o Polo cresce, se reinventa e amplia cadeias, Dias d’Ávila — a cidade mais próxima — se afasta do protagonismo e assume papel secundário na dinâmica industrial regional.
A crise industrial de Dias d’Ávila não é apenas responsabilidade de mercado, mas reflexo de uma condução política sem estratégia voltada ao desenvolvimento. O município com maior vantagem competitiva da Bahia tornou-se o que menos entrega resultados — um paradoxo que se traduz em perda de empresas, empregos, arrecadação e credibilidade no setor empresarial.
A iminente possível saída da Cariba não é um ponto isolado, mas um marco de virada: confirma que, enquanto a geografia continua a favor, a política segue na contramão.