Um áudio que circula nas redes sociais expôs uma crise familiar que mistura relações pessoais e exercício de poder político em Dias Dávila. Na gravação, o Presidente da Câmara Municipal, Júnior do Requeijão, profere uma série de ofensas racistas, homofóbicas e misóginas direcionadas à própria irmã, Marileide, e ao cunhado, Dr. Léo Mineiro. O conteúdo levanta questionamentos sobre o decoro do cargo e pode configurar crimes previstos na Lei do Racismo (Lei 7.716/89).
A transcrição apresentada reproduz fielmente o conteúdo do áudio obtido pela reportagem. As falas, carregadas de agressividade, mostram o parlamentar tratando a irmã com insultos como "cachorra véia" e "puta véia safada". Em seguida, o presidente insere tom racial ao se referir ao cunhado como "o teu macho, o negão" e "Machão que não é macho", expressões de óbvio cunho homofóbico.
O discurso contém ainda repetidas ofensas de cunho racial contra Dr. Léo Mineiro, chamado de "negão velho fedorento" e "negro sem vergonha daquele fedorento". As ofensas homofóbicas se intensificam com provocações sobre sua sexualidade, incluindo a frase: "tu também não sei quem é mais que pega mais pau. Se é tu pagando pra ele ou ele pagando pra tu".
Marileide também é alvo de ataques misóginos, sendo chamada de "rapariga véia safada" e "cachorra véia sem vergonha". O parlamentar ainda dispara ofensas sexuais diretas: "uma puta véia feia daquela, que nem tu, eu não chupava nem a língua". O áudio revela ainda uma disputa familiar envolvendo um jazigo, com o presidente afirmando: "Me paga o meu dinheiro, viu desgraça? Ladrona, véia safada. Cadê? Cadê o documento do jazigo teu? Puta véia, aquele jazigo é meu, rapaz". A gravação encerra com uma ameaça: "Não fala comigo não, viu desgraça? Suma de minhas vistas, sua puta".
Uma análise das falas atribuídas a Júnior do Requeijão indica que elas podem configurar diferentes tipos de infrações previstas em lei. No caso das agressões verbais dirigidas à irmã, o conteúdo sugere elementos de violência psicológica e moral, enquadrados na Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006), que visa proteger mulheres de situações que gerem humilhação, insultos e danos emocionais. Quanto às ofensas dirigidas ao cunhado, com menções depreciativas à cor da pele, essas condutas podem caracterizar injúria racial, conforme previsto na Lei nº 14.532/2023. O fato de as declarações terem sido proferidas por meio de aplicativo digital como o WhatsApp também aumenta a gravidade, dado o potencial de ampla divulgação e impacto público.
Nas ruas de Dias Dávila, o caso gerou forte indignação entre moradores. Ana Silva, moradora do centro, disse: “Fiquei chocada quando ouvi o áudio. Não é só uma questão pessoal, é um ataque à dignidade das pessoas. Isso não pode ficar assim.” João Santos, comerciante, afirmou: “É revoltante ver alguém que ocupa um cargo público falando desse jeito. É um desrespeito enorme, não é aceitável.” Maria Oliveira, professora, declarou: “Nunca imaginei ouvir palavras tão pesadas vindas de um líder político. Isso traz vergonha para a cidade e precisa ter consequência.”
Até o fechamento desta edição, o Presidente da Câmara, Júnior do Requeijão, não havia se manifestado sobre o conteúdo do áudio. Tentativas de contato para um direito de resposta não foram atendidas, assim como tentativas de ouvir Marileide e Dr. Léo Mineiro.
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