Um áudio que ganhou repercussão em Dias D’Ávila e expôs o presidente da Câmara Municipal, Júnior do Requeijão, proferindo ofensas racistas, homofóbicas e misóginas contra familiares, teria como origem uma disputa por um jazigo. Na própria gravação, que circula nas redes sociais, o parlamentar cita diversas vezes o espaço em um cemitério como motivo da briga com a irmã, Marileide, e o cunhado, Dr. Léo Mineiro.
Em tom exaltado, o presidente afirma que o jazigo seria de sua propriedade e cobra supostos valores e documentos. Em um dos trechos, ele diz: “Me paga o meu dinheiro, viu desgraça? Ladrona, véia safada. Cadê o documento do jazigo teu? Puta véia, aquele jazigo é meu, rapaz.”
A disputa, segundo o conteúdo do próprio áudio, envolve posse e responsabilidade sobre o espaço, que o presidente da Câmara alega ter custeado. O tom das falas, porém, ultrapassa o limite do conflito patrimonial e assume caráter de ataque pessoal, com ofensas de cunho racial, sexual e moral, amplamente criticadas pela população desde a divulgação do material.
Para contextualizar, um jazigo é o espaço físico dentro de um cemitério destinado à guarda de caixões ou urnas funerárias. Ele pode ser subterrâneo ou construído acima do solo, servindo para abrigar os restos mortais de uma pessoa ou de uma família inteira. Os jazigos podem ser perpétuos, quando pertencem de forma definitiva à família, ou temporários, quando cedidos por um período determinado.
Fontes ouvidas pelo É Notícias relataram que a Prefeitura de Dias D’Ávila não possui controle efetivo sobre os espaços no cemitério municipal, o que tem aberto margem para negociações informais e uso político de sepulturas. Segundo essas informações, o comércio de jazigos na cidade ocorre de forma irregular e aparentemente sem fiscalização, com relatos de que algumas autoridades locais teriam reservado espaços para revenda a funerárias ou usado os terrenos como moeda de troca política. Esses relatos indicam falta de transparência e possível uso indevido de bens públicos.
A confirmação de que o próprio Júnior do Requeijão cita o jazigo como causa da briga familiar ampliou a repercussão do caso e gerou reações entre os moradores. “É vergonhoso ver uma autoridade pública se envolver nesse tipo de discussão, ainda mais com palavras tão ofensivas”, disse um morador ouvido pela reportagem.
Até o fechamento desta edição, o presidente da Câmara, Júnior do Requeijão, não havia se manifestado sobre o conteúdo do áudio nem sobre a disputa pelo jazigo. O É Notícias tentou contato com o parlamentar, com Marileide e com Dr. Léo Mineiro, mas não obteve retorno.
Esta reportagem se baseia em áudio amplamente divulgado em redes sociais e em informações obtidas junto a fontes que pediram reserva, reproduzindo apenas os trechos que indicam o motivo da discussão e o contexto da falta de controle sobre os cemitérios em Dias D’Ávila.