A deputada estadual Olívia Santana (PCdoB) se manifestou, em entrevista exclusiva ao É Notícias, sobre o caso que envolve o presidente da Câmara Municipal de Dias D’Ávila, Júnior do Requeijão (PSDB), acusado de proferir falas racistas, homofóbicas e misóginas contra familiares em um áudio que gerou grande repercussão. A parlamentar defendeu a cassação imediata do vereador e classificou suas declarações como “grotescamente racistas” e “inaceitáveis”.
“A fala do presidente da Câmara de Dias D’Ávila é tão grotescamente racista que ele deveria ser cassado. Não é possível aceitar, conviver com esse tipo de manifestação. Racismo é crime previsto na Constituição”, afirmou Olívia.
A deputada destacou ainda que o episódio é agravado pelo fato de ter sido cometido por uma autoridade pública:
“Ninguém deveria cometer crime de racismo, muito menos um agente público investido de um cargo público. Um vereador, presidente da Câmara — a fala dele acaba se tornando uma fala institucional. Isso realmente é inaceitável.”
O caso ganhou novos desdobramentos na última terça-feira, 14 de outubro, quando Júnior do Requeijão voltou a se pronunciar publicamente durante sessão na Câmara. Em vez de demonstrar arrependimento, o parlamentar reafirmou suas palavras com tom de desafio, ao declarar diante do público presente:
“Quem fala a verdade não merece castigo.”
A frase foi interpretada como uma reafirmação direta das ofensas, deixando claro que o vereador não se arrepende e mantém o teor de suas declarações, apesar da indignação popular e do constrangimento político causado.
Enquanto o presidente discursava no plenário, sua irmã, Marileide Moraes, vítima das declarações, prestava depoimento na 25ª Delegacia Territorial de Dias D’Ávila, onde formalizou queixa contra o parlamentar. Marileide, que enfrenta tratamento contra o câncer de mama, tem recebido apoio de moradores e movimentos de mulheres da cidade.
Mesmo diante da gravidade do caso, nenhum dos vereadores se manifestou durante a sessão. O prefeito Alberto Castro (PSDB) também permanece em silêncio, o que tem sido interpretado pela população como conivência e alinhamento político.
A omissão das autoridades locais diante das falas do presidente da Câmara tem reforçado a percepção de blindagem política dentro do Legislativo municipal. Nas redes sociais, cresce o coro de indignação popular, com pedidos de afastamento imediato do vereador e investigação por injúria racial e violência psicológica contra a mulher.
Para juristas ouvidos pelo É Notícias, as declarações de Júnior do Requeijão configuram conduta incompatível com o cargo público e são passíveis de sanção judicial e política.
Ao dizer que “quem fala a verdade não merece castigo”, o presidente não apenas reafirma o conteúdo das ofensas, mas desafia a sociedade e o próprio princípio constitucional de respeito e igualdade. Enquanto o vereador se mantém provocativo, o silêncio do prefeito e dos vereadores ecoa como cumplicidade, transformando o episódio em um dos maiores escândalos políticos da história de Dias D’Ávila.