
O vereador José Morais de Almeida Júnior, conhecido como Júnior do Requeijão, voltou ao centro das atenções após ser apontado como autor de uma fala de cunho racista contra o comunicador Léo Mineiro. O episódio gerou forte repercussão estadual e federal, foi destaque em diversos veículos de imprensa e levou o Ministério Público Federal a reconhecer que as falas configuram, em tese, o crime de injúria racial.
Este, porém, não é o primeiro caso envolvendo o vereador. Em 2020, Júnior do Requeijão já havia sido denunciado por colegas após a circulação de áudios em que ele relatava um suposto esquema de “mensalinho” envolvendo parlamentares e assessores da Câmara de Dias D’Ávila — episódio que também ganhou destaque na imprensa e provocou pressão política.
Na ocasião, os vereadores Milton Barbosa, Renato Henrique e Raimundo Santana registraram boletim de ocorrência na 25ª Delegacia Territorial após receberem áudios atribuídos a Júnior do Requeijão. Nas gravações, ele descrevia supostos pagamentos irregulares realizados por uma empresa chamada Soten.
Em um dos áudios, Requeijão afirmava:
“Segunda-feira mesmo, depois da sessão, teve o pagamento da ‘Soten’. Tudo na mão. [...] Vereadores, todos recebem mão no saco. Todos são tabelados. Existe um mensalinho ali.”
A suposta empresa mencionada, no entanto, nunca foi localizada em cadastros públicos, aumentando a suspeita sobre a veracidade das afirmações.
Em um segundo áudio, atribuído ao vereador, ele reafirmava o conteúdo:
“O áudio é meu e é legítimo. Procure saber quem recebia e quem não recebia e o senhor vai ver se eu estou falando a verdade ou não.”
O caso ganhou grande repercussão e foi noticiado por veículos estaduais, ampliando o desgaste político do parlamentar.
Os vereadores denunciaram que o áudio colocava toda a Câmara sob suspeita e exigiram que Requeijão apresentasse provas — o que nunca aconteceu.
Raimundo Santana declarou:
“Ele formalizou uma denúncia grave e não apresentou nenhuma prova. Não vamos aceitar nossos nomes envolvidos com corrupção.”
Milton Barbosa reforçou que Requeijão não compareceu à sessão seguinte à divulgação dos áudios:
“Esperávamos que ele se explicasse, mas ele não foi à sessão.”
O caso foi encaminhado ao Ministério Público, e a Polícia Civil investigou a denúncia como calúnia.
Em 2025, a divulgação de um áudio com teor racista novamente colocou o vereador no centro de uma crise política e social. O episódio repercutiu em veículos estaduais e federais, mobilizou entidades de combate ao racismo e reacendeu pressões por responsabilização.
O Ministério Público Federal reconheceu que as falas configuram, em tese, injúria racial, crime de ação penal pública.
Os episódios — o suposto “mensalinho” em 2020 e a acusação de injúria racial em 2025 — revelam um padrão de polêmicas envolvendo o vereador, sempre seguidas de grande repercussão na imprensa e indignação pública.
Apesar disso, nenhum dos casos resultou, até o momento, em responsabilização efetiva, alimentando a percepção de impunidade, tanto entre colegas da Câmara quanto entre setores da sociedade civil.
Com o caso atual, o passado volta à tona, ampliando as cobranças por respostas e medidas mais firmes por parte das instituições competentes.
Ver essa foto no Instagram