
O Partido dos Trabalhadores (PT) em Mata de São João perdeu, de uma só vez, três de seus nomes mais ativos nas eleições de 2024. Jackson da Associação, Jai de Tico e Daí do Baixio anunciaram nesta semana que deixaram oficialmente a sigla e assumiram o comando municipal da Rede Sustentabilidade (REDE), redesenhando o mapa político do município e sinalizando um rompimento com o ex-candidato a prefeito Paulo Henrique.
A movimentação não surpreendeu aliados mais próximos: o relacionamento entre o trio e Paulo Henrique estava desgastado desde o período eleitoral. A avaliação interna do grupo era de que o projeto petista em Mata de São João havia se distanciado das bases e perdido capacidade de articulação, especialmente pela condução centralizada de Paulo Henrique e sua ausência crescente da cidade ao longo de 2025.
Durante a campanha de 2024, Paulo Henrique passou a priorizar ações de bastidores que desagradaram seus próprios candidatos. O principal incômodo foi a decisão de mobilizar sua militância com foco na candidatura de Kennya Potência (PCdoB), deixando os demais nomes do PT em posição secundária. A escolha abriu fissuras no grupo e antecedeu o afastamento do ex-vereador Adelino Cerqueira, primeiro a romper.
Com o fim da eleição, a frustração se transformou em distanciamento. Paulo Henrique passou períodos prolongados fora de Mata de São João — inclusive residindo em São Paulo — o que reduziu sua atuação política no município e deixou lacunas em discussões estratégicas, articulações e participação comunitária. Para o trio, a permanência no PT se tornara insustentável.
Com a migração para a Rede Sustentabilidade, Jackson da Associação assume a presidência do diretório municipal. A vice-presidência será ocupada pela advogada Alane Machado, filha de Jai de Tico. Na avaliação do novo grupo, a REDE oferece espaço para construir um projeto político próprio, sem interferências externas e com maior abertura para lideranças comunitárias.
Em nota pública, os ex-petistas afirmaram que a mudança foi fruto de “reflexão coletiva e diálogo sobre os rumos da política local”. O trio defende um programa baseado em sustentabilidade, desenvolvimento social e participação popular, com foco na reorganização das bases e na retomada do diálogo com as comunidades rurais e urbanas do município.
O grupo também confirmou alinhamento com o governo estadual e afirmou que seguirá atuando de forma crítica e fiscalizadora. Nos bastidores, entretanto, a movimentação já mira as eleições municipais de 2028. A estratégia é ampliar o quadro da REDE, atrair novas lideranças e consolidar um campo político alternativo ao PT local e à liderança de Paulo Henrique.
A saída em bloco, além de esvaziar a estrutura petista em Mata de São João, marca o isolamento político de quem já disputou a prefeitura e tentava se manter como principal referência da sigla no município. Agora, a REDE assume papel de protagonista na reorganização da oposição e trabalha para se consolidar como uma das forças emergentes do cenário local.