A petroquímica baiana Unigel está contratando a Moelis & Company para assessorá-la em um processo de reestruturação financeira. De acordo com fontes, o intuito da empresa é evitar uma recuperação judicial. Esse risco, entretanto, já aparece no radar e preocupa bancos credores. As informações são do site Valor.

A notícia de contratação da Moelis e rumores de que a companhia também teria contratado o Felsberg Advogados, referência em processos de recuperação de empresas, aumentou a preocupação entre os credores.

“A companhia quer estar bem preparada para tomar decisões e evitar uma recuperação judicial”, disse uma das fontes.

A Unigel está enfrentando os efeitos negativos do ciclo de baixa na petroquímica mundial e do descasamento entre preços da ureia e do gás natural. A empresa tem feito investimentos elevados para expansão.

Com US$ 135 milhões em caixa em 31 de março, a Unigel tem US$ 39 milhões em dívidas com vencimento neste ano. O grosso do endividamento, ou US$ 566 milhões, vence apenas em 2026, mas o serviço da dívida e a geração de caixa operacional negativa no primeiro trimestre (-US$ 23 milhões) pressionaram a liquidez.

A recente deterioração das métricas financeiras e a perspectiva de que o cenário de estresse sobre as margens perdure ao longo de 2023 levou instituições financeiras a buscar o pré-pagamento de parte das dívidas junto ao grupo. A companhia teria oferecido ativos como garantia real a esses títulos, afirmaram as fontes.

A Unigel assumiu o compromisso de não ultrapassar alavancagem financeira de 3,5 vezes em R$ 500 milhões em debêntures emitidas no ano passado e US$ 110 milhões em bônus emitidos em 2021. Ao fim do primeiro trimestre, esse índice estava em 2,2 vezes, portanto dentro do acordado, mas a expectativa era de piora.

A Unigel confirmou, em nota, a contratação da Moelis “como assessor para apoiar na análise de estratégias financeiras, visando, entre outros, aprimorar sua estrutura de capital”.

A companhia informou ainda que o escritório Felsberg Advogados presta serviços há mais de uma década ao grupo, “com seu suporte em várias áreas do Direito”.