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Debate entre os candidatos ao 2º turno de Camaçari se destaca por acusações de ambos os lados e posicionamentos controversos

O debate ocorreu na sede da TV Bahia, em Salvador, com os candidatos respondendo perguntas do próprio adversário, de possíveis eleitores e de jornalistas credenciados para o debate.

26/10/2024 às 18h04 Atualizada em 26/10/2024 às 18h41
Por: Redação
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Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Caetano (PT) e Flávio (União Brasil), candidatos à Prefeitura de Camaçari, participaram de um debate promovido pela Central de Eleições da TV Bahia nesta sexta-feira (25). O clima esquentou com trocas de acusações sobre investigações da Polícia Federal sobre corrupção envolvendo o candidato do PT, e agiotagem envolvendo o candidato do União Brasil.

O debate foi estabelecido em quatro blocos, com intervalos entre um bloco e outro.

Cabe destacar que esta é a primeira vez que Camaçari, segundo maior PIB da Bahia, apresenta um segundo turno nas eleições para prefeito do município. Caso não houvesse segundo turno, Caetano (PT) seria o atual prefeito eleito desta cidade ficando em primeiro colocado com 49,52% dos votos válidos, contra 49,17% dos votos válidos alcançados por Flávio (União Brasil)


Logo no primeiro bloco, Caetano (PT) questionou o seu oponente sobre os salários dos funcionários públicos. Ele afirmou que supostamente os funcionários públicos seriam impedidos de receber os respectivos salários até pagarem dívidas com agiotas.

Já Flávio (União Brasil), questionou Caetano (PT) sobre os seus planos de governo que não teriam sido cumpridos nos seus mandados entre 2005 e 2012. Caetano (PT) respondeu que durante seus dois mandados na gestão municipal foram construídos postos de saúde e escolas, aproveitando para criticar a atual gestão, ao qual Flávio (União Brasil), está ligado.  

Na sequência foi percebido que ambos os candidatos estariam se esquivando de  responder perguntas de forma assertiva um do outro. Enquanto Caetano (PT) se esquivou em responder sobre o questionamento de Flávio (União Brasil) sobre segurança Pública, respondendo sobre aspectos de saúde pública, Flávio (União Brasil) igualmente se esquivou do questionamento de Caetano (PT) sobre a relação dele com o atual prefeito de Camaçari.  Flávio (União Brasil), nitidamente fugiu do questionamento formulado por Caetano (PT), respondendo apenas que estaria confiante na sua eleição no domingo. Aparentemente o candidato do União Brasil não desejou atrelar o seu nome ao atual prefeito de Camaçari.

No segundo bloco, iniciaram as perguntas por parte de jornalistas credenciados.

O primeiro jornalista questionou Flávio (União Brasil) sobre quais as novas propostas seriam colocadas em prática em Camaçari, caso seja eleito.

Flávio (União Brasil) afirmou que a cidade ainda enfrenta problemas nas áreas da saúde e do transporte público. Ele destacou ainda que teria diversas propostas em seu plano de governo, tais como o Hospital Municipal e o Parque de Exposições.

O curioso é que nesta resposta, Flávio (União Brasil), acaba criticando de forma direta a atual gestão da prefeitura municipal de Camaçari, reconhecendo os problemas recorrentes de saúde e transporte público.

O segundo jornalista questionou Caetano (PT), sobre o apoio do presidente Lula (PT) e do governador Jerônimo Rodrigues (PT) durante a campanha, e como poderia governar Camaçari caso os aliados políticos partidários não sejam reeleitos em 2026.

Em resposta, Caetano (PT) prometeu que, caso eleito, iria fazer um trabalho de parceria com o governo do estado e com o governo Federal.

O ponto alto desta reposta poderia ser atribuído a maturidade demonstrada por Caetano (PT), onde deixa subentendido que seja qual for o governo estadual ou federal, ele sempre iria buscar trabalhar em parceria organizacional.

O terceiro jornalista perguntou para Caetano (PT) sobre a violência na Estrada da Cascalheira, uma importante via de acesso de Camaçari, e como ele pretenderia atuar para melhorar a segurança pública.

Em resposta, Caetano (PT) ponderou sobre a saúde pública do município, não sendo direto sobre a questão da segurança pública.

Não ficou claro aqui se Caetano (PT) poderia estar atribuindo a questão de segurança pública às questões voltadas a saúde pública, embora se saiba que estas questões possuam certos embaraços umbilicais.

O quarto jornalista fez uma pergunta ideológica para Flávio (União Brasil) questionando o candidato sobre seu posicionamento considerando a adoção de crianças por casais homoafetivos. Esta pergunta foi interessante pois numa entrevista anterior o candidato Flávio (União Brasil), teria preferido se abster da resposta, contudo, no debate ele mudou de ideia e afirmou que é democrático e que terá respeito em relação com a comunidade LGBTQIA+.

A controversa aqui é imensa em razão da argumentação proferida pela base ideológica do movimento liderado pelos partidos reconhecidos como de direita no país. A base ideológica desses partidos rechaça de forma veemente a formação de casais homoafetivos. Aqui o candidato Flávio (União Brasil), aparentemente tentou fugir de sua base ideológica, contudo pode ter se comprometido negativamente com a sua base eleitoral em que condena as relações homoafetivos, podendo igualmente perder capital político da comunidade LGBTQIA+ por não perceber confiança em sua resposta.

Após um breve intervalo, o terceiro bloco foi iniciado.

Uma eleitora da cidade de Camaçari questionou o candidato Caetano (PT) sobre as suas propostas para os cuidadores de crianças neurodivergentes. Caetano (PT) respondeu com duas abordagens sobre este tema: 01) que irá construir um centro de cuidados para crianças diagnosticadas na cidade; 02) que pretende inserir cuidadores de crianças com tais necessidades nas escolas. Caetano (PT) demonstrou aqui ter conhecimento sobre a matéria e como poderia contribuir com a solução.

Um segundo eleitor de Camaçari questionou o candidato Flávio (União Brasil) sobre as suas propostas para geração de emprego e desenvolvimento da economia da cidade. Flávio (União Brasil) respondeu que a geração de emprego terá um papel de destaque em sua possível gestão municipal. Ele destacou que iria criar um “Hub Camaçari”, reunindo temas tais como tecnologia, informação e qualificação profissional. Ainda, ele destacou que iria atrair mais investimentos para a cidade. Contudo, Flávio (União Brasil), não deixou claro como executaria tais propostas.

O terceiro eleitor de Camaçari perguntou ao candidato Flávio (União Brasil) à respeitos de suas ideias relacionadas a área da cultura. Flávio (União Brasil) respondeu que possui projetos específicos para o desenvolvimento e apoio para fanfarras, argumentando ainda que as escolas precisariam proporcionar atividades culturais extracurriculares no contraturno. Sobre cultura, aparentemente o candidato Flávio (União Brasil), transpareceu não se sentir bem com o questionamento por não dominar bem o tema. Limitou a questão da cultura a bandas de fanfarras e com questões ligadas à educação, enquanto o tema cultura seria um tema muito mais amplo e delicado a ser tratado por um possível gestor público.

O quarto eleitor de Camaçari perguntou ao candidato Caetano (PT), sobre suas propostas para melhorar o transporte público da cidade, considerando que os ônibus de linha do município são sujos e rotineiramente atrasam. Caetano (PT) respondeu que iria desenvolver um projeto para disponibilizar ônibus elétricos com tarifa-zero em Camaçari e iria buscar meios para legalizar os chamados "ligeirinhos".

Aqui, Caetano (PT), demonstra estar antenado com os avanços da sociedade moderna e com as questões de sustentabilidade, atrelados a atração de investimentos para a cidade. Ao afirmar que irá substituir os ônibus com motores à combustão por veículos elétricos, ele demonstra total engajamento com as questões socioambientais. Ainda, ele acaba se comprometendo em solucionar um velho problema quanto a situação dos “ligeirinhos”, que apesar de serem reconhecidos como uma alternativa de transporte pela sociedade de Camaçari, eles passam por problemas de controle clandestino por parte de milicias que se dizem donos das rotas.

No quarto bloco, os candidatos voltaram a fazer questionamentos uma ao outro.

Flávio (União Brasil) questionou o seu oponente sobre a investigação conduzida pela Polícia Federal relacionada a suspeitas durante a sua gestão. De forma direta e franca Caetano (PT) destacou que já foi inocentado pela Justiça. Não restando assim qualquer crime ou corrupção.

Caetano (PT), demonstrou aqui sua austeridade e preparo para falar sobre o tema, não se esquivando da resposta. Caso ele não fosse considerado ficha limpa ou houvesse passado por qualquer condenação por parte da justiça, ele realmente estaria inelegível. Toda e qualquer pessoa pode ser acusada por qualquer crime, cabendo à justiça analisar os fatos e provas. Caso nenhuma acusação seja sustentada, as acusações caem.

Caetano (PT) por sua vez questionou Flávio (União Brasil), sobre seu possível envolvimento com o crime organizado. Em resposta, Flávio (União Brasil) negou que tenha envolvimento com qualquer organização criminosa. Contudo, não apresentou aprofundamento sobre o tema.

Caetano (PT) voltou a questionar Flávio (União Brasil) sobre uma possível prática da atual gestão sobre agiotagem. Flávio (União Brasil) não rebateu de forma veemente as declarações proferidas por Caetano (PT), destacando apenas as investigações realizadas pela Polícia Federal sobre denúncias de corrupção das antigas gestões.

O candidato Flávio (União Brasil) destacou na fase final desse bloco que o segundo turno das eleições de Camaçari estaria sendo representado por um embate entre o passado e o futuro. Contudo, ele esquece que seu apoiador político e atual prefeito 

da cidade também fará parte deste passado, não deixando assim de fazer críticas ao próprio governo em que ele está presente. Ele mesmo reconheceu no início do debate que Camaçari continua com problemas básicos. Esquece que ele mesmo faz parte do atual e recente governo que não conseguiu fazer nada de concreto para solucionar os problemas básicos da sociedade de Camaçari.

Por outro lado, Caetano (PT), apesar das controversas proferidas por algumas correntes políticas locais, é reconhecido pela sociedade por ter conseguido ter realizado uma gestão equilibrada e por ter experiência na gestão pública.

O que estará em jogo no próximo domingo, dia 27 de outubro de 2024 é se a sociedade vai escolher entre um prefeito já experimentado, ou um candidato sem caminhada política como executivo gestor público, não se tratando aqui de novo ou velho, e sim sobre realidade e promessas.

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