Um episódio inusitado e polêmico reacendeu o debate sobre perseguição política por parte da Prefeitura de Mata de São João. Após participar de uma solenidade pública onde recebeu as chaves de um empreendimento no projeto “Barracas de Santo Antônio”, o comerciante Gean teve seu estabelecimento arrombado e trancado novamente com um novo cadeado, sem qualquer explicação aparente.
De acordo com o comerciante, ao perceber o ocorrido e não ter ciência do que motivou a substituição do cadeado ou mesmo quem poderia ter realizado a manobra, ele procurou imediatamente a delegacia civil e registrou um boletim de ocorrência. Posteriormente, Gean decidiu remover o cadeado colocado por terceiros e substituí-lo por outro, retomando o controle sobre o estabelecimento e sobre seus pertences e suas mercadorias.
O caso ganhou novos contornos na manhã desta sexta-feira (03), por volta das 11h, quando Gean foi procurado por um funcionário da prefeitura que questionou os motivos de ele ter rompido o cadeado do próprio empreendimento. Em resposta, Gean apresentou o boletim de ocorrência como prova da situação irregular, pois ele de fato teria a posse sobre o estabelecimento. Diante do documento, o representante da prefeitura não apresentou justificativa ou explicação para o ocorrido, deixando claro que quem havia arrombado o primeiro cadeado e colocado um novo teria sido a própria prefeitura de Mata de São João, e sem qualquer comunicação ou manifestação prévia.
Para Gean, o episódio reflete uma tentativa clara de intimidação por parte do poder público municipal, que tem demonstrado uma postura cada vez mais hostil em relação a cidadãos que questionam ou se posicionam criticamente frente às ações da gestão. “É inconcebível que uma prefeitura que entrega publicamente um espaço ao cidadão depois a tranca sem qualquer aviso ou justificativa. Isso só reforça a sensação de perseguição política e abuso de autoridade”, declarou.
Moradores e lideranças destacam que esse não seria o primeiro caso de ações questionáveis por parte da administração municipal contra opositores ou críticos. Muitos interpretam a situação como mais uma evidência de práticas de retaliação contra aqueles que ousam questionar os atos da prefeitura.
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Até o momento, a Prefeitura de Mata de São João não se pronunciou oficialmente sobre o caso, nem mesmo entregou qualquer ofício ou manifestação oficial ao senhor Gean.
Especialistas em direito público destacam que, se comprovada a prática de atos administrativos com o intuito de prejudicar ou intimidar cidadãos, a situação pode configurar abuso de poder, ferindo princípios constitucionais como a impessoalidade e a moralidade administrativa.
Gean afirmou que continuará lutando por seus direitos e busca uma resposta formal da administração. “É triste ver que a política aqui parece funcionar como um jogo de retaliação. Mas não vou me calar. Quero justiça e respeito”, finalizou.
O caso segue em apuração pelas autoridades após abertura do boletim de ocorrência, e deve alimentar ainda mais o debate sobre ética e transparência no exercício do poder público em Mata de São João.