Em meio a denúncias e reclamações de pais e responsáveis, o Sindicato dos Professores de Escolas Particulares (Sinpro) se manifestou publicamente sobre a prática de venda de livros didáticos e materiais pedagógicos dentro das instituições de ensino privadas. De acordo com a entidade, os educadores estão sendo pressionados a participar de um "esquema" que beneficia editoras e escolas, mas prejudica tanto os profissionais da educação quanto as famílias dos alunos.
Em nota oficial, o Sinpro afirmou que muitos professores são obrigados a adotar livros específicos em suas aulas, muitas vezes sem a possibilidade de escolha ou análise crítica do material. "O professor é mais uma vítima dessa espécie de esquema. Ele é colocado em uma situação delicada, onde precisa seguir determinações que nem sempre condizem com suas convicções pedagógicas, sob o risco de represálias", destacou o sindicato.
A prática, que já é alvo de críticas há anos, ganhou destaque após relatos de pais que se sentem "reféns" de preços abusivos e da obrigatoriedade de comprar materiais diretamente nas escolas, sem a possibilidade de buscar alternativas no mercado. Muitos alegam que os livros são vendidos a preços superiores aos praticados em livrarias ou lojas online, e que a falta de transparência no processo gera desconfiança.
O sindicato reforçou que, embora os professores não tenham poder de decisão sobre a escolha dos materiais, acabam sendo vistos como parte do problema pelos pais e alunos. "Isso cria um desgaste desnecessário na relação entre educadores e famílias, além de desviar o foco do que realmente importa: a qualidade do ensino", afirmou o Sinpro.
A entidade também cobrou uma maior regulamentação do setor, sugerindo que órgãos competentes, como o Ministério da Educação (MEC) e o Procon, atuem para coibir abusos e garantir transparência nas negociações entre escolas e editoras. "É preciso que haja um controle mais rígido sobre essas práticas, para que os interesses comerciais não se sobreponham aos educacionais", concluiu o sindicato.
Enquanto isso, pais e responsáveis continuam a pressionar por mudanças, organizando campanhas nas redes sociais e buscando apoio jurídico para questionar a legalidade das cobranças. A discussão promete se intensificar nos próximos meses, especialmente com a proximidade do início do ano letivo, quando a compra de materiais escolares se torna uma preocupação central para milhares de famílias.