No dia 2 de abril, a polícia prendeu em Manaus (AM) Carlos Robério Vieira Pereira, de 60 anos, acusado de ser o executor do assassinato do auditor fiscal José Raimundo Aras, ocorrido em outubro de 1996 em Petrolina (PE). O crime, que completou 28 anos sem resolução, estava diretamente ligado à atuação do auditor no combate à chamada "Máfia do Açúcar", um esquema de sonegação fiscal que movimentava milhões entre Pernambuco e Bahia.
José Raimundo Aras foi morto a tiros após investigar um grupo de empresários envolvidos em fraudes e corrupção no setor sucroalcooleiro. Segundo as investigações, Carlos Robério teria sido contratado como pistoleiro, recebendo R$ 11 mil para cometer o homicídio. O crime foi encomendado por empresários que não aceitavam a rigidez do auditor no combate à sonegação e ao esquema de propinas.
Condenado a 18 anos de prisão, Carlos Robério conseguiu fugir e permaneceu foragido por 28 anos. A prisão só foi possível após informações repassadas pelas forças de segurança da Bahia, que indicaram que o acusado vivia em Manaus sob identidade falsa. Outros envolvidos no assassinato já haviam sido capturados anteriormente em Pernambuco.
O caso ganhou grande repercussão nos anos 90, expondo uma rede de corrupção que desviava impostos na região. A morte de Aras simbolizou os riscos enfrentados por agentes públicos que combatem o crime organizado. Sua atuação foi crucial para desarticular parte do esquema, e sua morte reforçou a necessidade de maior proteção aos servidores que atuam em áreas de risco.
Com a prisão do último acusado, a Justiça dá um passo importante para encerrar um dos casos mais emblemáticos de violência contra servidores públicos no Nordeste. No entanto, o episódio também serve como alerta para a persistência da impunidade em crimes de mandantes, muitos dos quais ainda não foram devidamente responsabilizados.
Agora, Carlos Robério deve ser transferido para Pernambuco, onde cumprirá a pena pela execução do auditor fiscal. A captura encerra uma longa espera por justiça, mas o caso continua a levantar debates sobre corrupção, violência e a luta contra a impunidade no Brasil.