O XIV Conselho Consultivo do Ministério das Finanças de Angola reuniu especialistas, técnicos e lideranças públicas para discutir o futuro da gestão pública no país. Com o tema “Processos e Procedimentos: Aprimorar para Fortalecer a Confiança na Gestão das Finanças Públicas”, o evento foi aberto pela ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa, que enfatizou os pilares de uma administração pública moderna.

“Quando a confiança se fragiliza, não basta reafirmá-la em palavras. É preciso reconstruí-la na prática, com trabalho sério, processos aprimorados e uma cultura institucional que não dê margem para desvios”, afirmou a ministra. Ela também ressaltou que a agenda atual é fruto de um movimento contínuo de aprimoramento: “O que nos traz aqui hoje não é novo. É o passo seguinte dessa caminhada. Porque pessoas competentes, sem processos sólidos, são vulneráveis. Mas, processos sólidos sem pessoas comprometidas são ineficazes. Precisamos sempre dos dois. Tem sido esse um dos nossos apelos mais frequentes: pessoas, processos, sistemas. Como vasos comunicantes, um não funciona sem o outro”, acrescentou Vera de Sousa.

Tecnologia a serviço do cidadão e da confiança institucional

Representando o Serpro, o presidente Alexandre Amorim participou do painel “O Papel dos Processos e Procedimentos na Transformação das Finanças Públicas” e destacou que a revisão de processos e o uso estratégico da tecnologia só fazem sentido quando colocados a serviço do cidadão. “A transformação digital precisa gerar valor real. No Brasil, ao integrar orçamento, finanças e execução em uma única plataforma digital, conseguimos reduzir custos, melhorar o controle e acelerar decisões”, explicou.

Gestão orientada por processos

O diretor-geral do Serviço de Tecnologias de Informação e Comunicação das Finanças Públicas (Setic-FP), Edilson Santos, reforçou a importância de uma cultura orientada por processos. “Estamos a dar os passos certos, mas é preciso ser céleres. Focar em tendências — e não apenas nas pendências — é o que nos permitirá avançar com mais agilidade”, destacou. Ele defendeu que a eficiência nasce do alinhamento entre estratégia, modelagem de processos e clareza sobre os ganhos que cada melhoria traz. “Falar de processos é falar de cultura, de resultados mensuráveis. Sem isso, seguimos tomando decisões com base em percepções, não em evidências”, completou.

Amorim também ressaltou a importância de investimentos tecnológicos alinhados à missão do Estado. Ao abordar a experiência brasileira com plataformas como o Siafi e sistemas de conta única do Tesouro Nacional, o executivo demonstrou como o uso de dados e inteligência pode alavancar a capacidade do governo de planejar, executar e monitorar suas políticas públicas com mais eficiência.

Parceria institucional em expansão

Além da participação nos debates do Conselho Consultivo, o presidente Alexandre Amorim também se reuniu com a ministra das Finanças de Angola para apresentar os avanços do contrato de consultoria que o Serpro desenvolve com o país. Durante o encontro, foram discutidas novas possibilidades de cooperação institucional entre as duas nações, com foco na modernização de sistemas de gestão financeira, ampliação da digitalização de serviços e fortalecimento das capacidades locais.

“Temos construído, junto ao Setic-FP e ao Ministério das Finanças, uma parceria sólida e estratégica, com base na confiança mútua e na troca de experiências. O Serpro está totalmente comprometido em apoiar Angola na construção de uma gestão financeira cada vez mais integrada, segura e digital. Acreditamos que essa cooperação fortalece, não apenas a eficiência institucional, mas também a soberania digital do Estado, ao garantir que os dados e processos críticos estejam sob controle público e operem com autonomia tecnológica”, afirmou Alexandre Amorim.

Para o presidente do Serpro, a agenda reforça o compromisso da estatal brasileira com a cooperação Sul-Sul e com a transformação digital nos países parceiros. "Iniciativas como essa abrem caminho para novas ações conjuntas em prol de uma administração pública mais eficiente, transparente e centrada no cidadão", concluiu o executivo brasileiro.