O ex-vice-presidente da República e atual senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) negou veementemente as alegações do tenente-coronel Mauro Cid sobre a existência de reuniões que discutiam um suposto golpe de Estado durante o governo Bolsonaro. Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), Mourão classificou os relatos como "fantasias" e afirmou não ter conhecimento de qualquer minuta ou plano nesse sentido.
As declarações de Mourão foram dadas no dia 23 de maio ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, e foram tornadas públicas pelo STF como parte do processo que investiga uma suposta tentativa de golpe após as eleições de 2022. O senador foi questionado sobre os diálogos mencionados por Mauro Cid, que integrava o círculo próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro e atualmente colabora com a Justiça em um acordo de delação premiada.
A divergência entre as versões de Mourão e Cid aumenta a tensão em torno das investigações sobre supostos planos para manter Bolsonaro no poder após a derrota eleitoral para Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O depoimento do ex-vice-presidente contrasta com as informações prestadas por Cid, que já entregou à Justiça mensagens e documentos que, segundo ele, indicariam articulações antidemocráticas.
O STF ainda analisa outras provas e depoimentos no inquérito, que também envolve militares e aliados do ex-presidente. Enquanto Mourão busca descreditar as acusações, a delação de Cid tem sido um dos pilares da investigação, levantando questões sobre a extensão do conhecimento de autoridades sobre os supostos planos.
A defesa de Bolsonaro e de outros investigados nega qualquer tentativa de golpe, enquanto a Procuradoria-Geral da República (PGR) e o STF avaliam os indícios coletados. O caso deve continuar gerando repercussão política, especialmente diante da possibilidade de novas delações e da divulgação de mais provas.
O STF ainda pode ouvir outras testemunhas e analisar documentos apreendidos, incluindo mensagens trocadas entre os investigados. Enquanto isso, a polarização política em torno do caso permanece, com bolsonaristas acusando o Judiciário de perseguição e opositores cobrando rigor na apuração.
A situação coloca Mourão em uma posição delicada, já que ele, que já foi visto como um nome moderado no governo Bolsonaro, agora precisa lidar com as contradições entre sua versão e a de um delator chave no processo