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“Parte das candidaturas para as eleições de 2026 é medo da Justiça e não compromisso com o povo”, afirma Ramon Santos

A corrida pelo foro privilegiado expõe a estratégia de políticos para driblar investigações e manter privilégios.

Ramon Santos (DRT-6448/BA)
Por: Ramon Santos (DRT-6448/BA)
29/06/2025 às 00h05
“Parte das candidaturas para as eleições de 2026 é medo da Justiça e não compromisso com o povo”, afirma Ramon Santos
Foto: Reprodução

À medida que as eleições de 2026 se aproximam, é possível observar uma movimentação preocupante nos bastidores políticos: ex-prefeitos lançando candidaturas que parecem menos motivadas por projetos e compromissos reais com a população e mais por uma estratégia clara de garantir foro privilegiado, buscando adiar investigações e processos judiciais que avançam contra suas gestões.

O que chama atenção, e preocupa, não é um medo legítimo de perseguições políticas, mas o receio de que a Justiça comum — aquela primeira instância onde as denúncias, inquéritos e ações realmente andam e incomodam — funcione como deveria.

Um exemplo contundente é a Operação Overclean, da Polícia Federal, em curso desde 2024, que desvendou um gigantesco esquema bilionário de corrupção envolvendo contratos superfaturados, empresas de fachada e desvio de recursos em diversas prefeituras. Apesar de um ex-prefeito ligado a uma dessas gestões ainda não ter sido oficialmente investigado — ou até mesmo poder estar sendo, em sigilo —, sua administração está nitidamente no centro das apurações, com contratos e pagamentos sendo minuciosamente examinados.

Esses ex-gestores, ao que tudo indica, não buscam apenas voltar ao cenário político por vocação ou compromisso público, mas para garantir uma blindagem jurídica. A mudança recente no entendimento do Supremo Tribunal Federal, que em março de 2025 confirmou a possibilidade de manutenção do foro especial mesmo após o fim do mandato, fortaleceu ainda mais essa corrida pelo foro.

É importante deixar claro: o foro privilegiado, criado para proteger autoridades de perseguições infundadas, tem sido manipulado como uma ferramenta para paralisar investigações, prolongar processos e dificultar que casos de corrupção e desvio de verbas avancem de forma célere.

O que vemos é uma verdadeira corrida desenfreada para escapar do alcance da Justiça eficiente, uma tentativa de transformar a política em refúgio jurídico para quem não tem mais a confiança do eleitorado.

Para mim, fica evidente que essas candidaturas são motivadas pelo medo da Justiça, não pelo compromisso com o povo. Não se trata de legítimas pretensões eleitorais, mas de estratégias desesperadas para atrasar processos que ameaçam expor esquemas e ilegalidades.

Resta à sociedade ficar atenta a esses movimentos que colocam interesses pessoais acima do bem público. Estarei acompanhando, atento, a evolução dessas investigações e das manobras políticas que visam proteger privilégios em detrimento da transparência e da justiça.

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