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Cadê Jorge? Tartaruga que nadava em direção à Praia do Forte em Mata de São João desaparece

Animal viveu 40 anos em cativeiro na Argentina e estava a caminho da Bahia quando último sinal foi registrado no Rio de Janeiro

Ramon Santos (DRT-6448/BA)
Por: Ramon Santos (DRT-6448/BA)
08/08/2025 às 17h45
Cadê Jorge? Tartaruga que nadava em direção à Praia do Forte em Mata de São João desaparece
Foto: Reprodução

A história de Jorge, uma tartaruga-cabeçuda nascida na Bahia e que passou incríveis 40 anos presa em um aquário na Argentina, ganhou um capítulo inesperado. O animal, que foi solto no mar em abril deste ano e nadava em direção à Praia do Forte, no litoral de Mata de São João, deixou de ser localizado no fim de julho.

O último sinal do transmissor via satélite que acompanhava seus movimentos foi registrado no dia 29 de julho, na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Desde então, silêncio total. O equipamento, preso no casco de Jorge, enviava dados para a cidade de Mendonza, onde ele viveu por décadas. Segundo a prefeitura de lá, isso pode acontecer por vários motivos: bateria descarregada, desgaste dos sensores ou até perda do dispositivo.

Para o assessor da diretoria de pesquisa do Projeto Tamar, Gustavo Stahelin, sem o sinal vai ser muito difícil saber onde Jorge está agora. A única esperança é a anilha que ele carrega nas nadadeiras. “Se o encontrarmos em um, dois ou dez anos, vamos saber quem é por causa das anilhas, mas não vamos conseguir acompanhar por onde ele passou ou conhecer seus hábitos”, disse.

O monitoramento era muito importante porque Jorge é um macho — e ainda há poucas informações sobre o comportamento dessa espécie fora do período de desova. Durante o acompanhamento, os pesquisadores descobriram que ele nadou perto da costa de Santa Catarina, foi para o mar aberto e voltou para a costa até chegar no Rio. Esse vai e vem pode ter relação com a busca por comida e o uso de correntes marítimas favoráveis.

Segundo Stahelin, a Baía de Guanabara não é área de reprodução e é raro ver tartarugas-cabeçudas por lá. Mas, se encontrar bastante alimento, Jorge pode decidir ficar na região.

De “morador” de aquário a símbolo de resistência
Jorge foi levado ainda jovem para o aquário de Mendonza, nos anos 1980, quando solturas e reabilitações de tartarugas não eram comuns. Ao longo do tempo, virou atração turística e ganhou o carinho dos argentinos. Em 2021, uma ação judicial movida por advogados ambientais conseguiu autorização para que ele voltasse ao mar.

Antes de ser solto, Jorge passou três anos em um processo de readaptação. Em abril de 2025, finalmente ganhou liberdade.

Projeto Tamar na Praia do Forte
Na Bahia, o Projeto Tamar tem uma unidade na Praia do Forte, em Mata de São João, que recebe tartarugas machucadas ou debilitadas. Lá, elas passam por tratamento e são devolvidas ao mar assim que recuperam a saúde. Muitas chegam com plástico no estômago, feridas por redes de pesca ou até com pneumonia.

Quem encontrar uma tartaruga ferida no estado pode ligar para os números (71) 98127-0038 ou (71) 99979-1563.

Agora, sem o sinal, ninguém sabe ao certo se Jorge vai conseguir chegar à Praia do Forte. Mas, para quem torceu por sua liberdade, a esperança é que ele esteja nadando firme por aí — e que um dia, quem sabe, apareça de novo nas águas da Bahia.

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