Mais de um mês de impunidade: onde está a justiça?
O espancamento brutal do jornalista Ricardo Antunes, ocorrido há mais de um mês no Recife, expõe a morosidade do sistema judiciário e reforça a sensação de impunidade em crimes contra a imprensa. Apesar da rápida identificação do agressor pela Polícia Civil, a prisão de Pedro Henrique Costa de Oliveira segue sem avanço, enquanto o possível mandante permanece impune, colocando em xeque a segurança dos profissionais de comunicação e a liberdade de imprensa no Brasil.
O delegado José Alexandre Amorim da Silva, responsável pelo caso, pediu a prisão do agressor, mas o sistema judicial parece estar em um impasse. O ex-juiz da 3ª Vara Criminal, Laiete Jatobá Neto, deixou de apreciar o caso ao assumir um cargo de desembargador substituto sem autorizar o pedido de prisão. O Ministério Público de Pernambuco (MPPE), por sua vez, devolveu os autos sem um parecer formal, alegando falta de acesso a uma das peças do inquérito. O caso agora repousa sobre os ombros do juiz substituto Abérides Nicéas de Albuquerque Filho, conhecido no meio jurídico por sua seriedade, mas sem avanços concretos até o momento.
A gravidade do crime e a demora da justiça
Ricardo Antunes foi vítima de uma emboscada violenta no bairro de Boa Viagem, no Recife. O agressor utilizou um soco inglês para ferir gravemente o jornalista, deixando-o com mais de 30 pontos no olho esquerdo e 35 no maxilar direito. Câmeras de segurança flagraram a ação criminosa, que foi amplamente divulgada em redes sociais e noticiários, gerando grande repercussão nacional.
As investigações apontam que o mandante seria um empresário influente e de alto poder aquisitivo, possivelmente alvo de reportagens investigativas realizadas por Antunes.
A insegurança dos jornalistas e a falta de garantias
Entidades de jornalismo, como a Abraji, a Fenaj e o Sinjope, manifestaram solidariedade a Ricardo Antunes e cobraram celeridade na investigação. No entanto, a morosidade do sistema judiciário só aumenta a sensação de insegurança para os jornalistas que desempenham o papel fundamental de informar a sociedade. Casos como este expõem as vulnerabilidades dos profissionais da imprensa diante dos "poderosos de plantão".
O Brasil é um dos países mais perigosos para o exercício do jornalismo, com frequentes relatos de ameaças, agressões e até assassinatos de profissionais. A ausência de respostas rápidas do poder judiciário contribui para a perpetuação desse ciclo de violência e impunidade.
Um apelo por justiça
A sociedade precisa de um posicionamento firme do poder judiciário. A demora na prisão de Pedro Henrique Costa de Oliveira e a falta de avanços na investigação do mandante não só desrespeitam a vítima, mas também enfraquecem a confiança da população nas instituições.
Este não é apenas um crime contra Ricardo Antunes; é um ataque direto à liberdade de imprensa e ao direito da sociedade de ser informada. A impunidade não pode ser uma opção. O judiciário precisa agir, e agir com urgência, para que os culpados sejam responsabilizados e para que a mensagem de que "o crime não compensa" prevaleça em nosso país.