O que você espera de um superintendente do IBAMA? Um técnico comprometido com a Constituição Federal, a proteção ambiental e a atuação supletiva quando o estado ou o município cruzam os braços, certo? Pois esqueça. Na Bahia, temos um superintendente que mais parece um office boy do sistema político do que um defensor do meio ambiente.
O nome da figura é Bruno Martinez Carneiro Ribeiro Neves, nomeado para o comando do IBAMA na Bahia contra a vontade expressa da Ministra Marina Silva, indicado por ninguém menos que Leo Prates, ex-secretário de Salvador, deputado federal e atual servo fiel, vassalo de ACM Neto, o chefão-mor do carlismo reloaded. E aqui já começa a vergonha.
Segundo matérias que circularam na época, houve uma disputa política pesada, um verdadeiro cabo de guerra, para garantir que Bruno Neves fosse o nome no comando do IBAMA baiano. E adivinhe: Marina Silva perdeu. O ambientalismo perdeu. A Bahia perdeu.
Quem manda não é o meio ambiente. É o centrão da Bahia.
A nomeação de Bruno Neves não foi técnica. Foi partidária, fisiológica e eleitoreira. E como resultado, o IBAMA na Bahia virou um órgão domesticado, que assiste passivamente ao avanço do concreto em Salvador, à destruição do manguezal do Rio Passa Vaca, à supressão de Mata Atlântica sem autorização e à farra dos licenciamentos municipais com ausência de Conselho Ambiental e estudos fajutos.
E o pior: quando provocamos o IBAMA para que atue de forma supletiva, como determina a Constituição e o próprio entendimento da AGU e do STJ, a resposta que recebemos é o silêncio conveniente ou o famoso “não temos competência”.
Ora, ora, senhor Bruno Neves! Se o IBAMA pode e deve atuar quando estados e municípios são omissos, como afirmam a AGU, o STJ e a LC 140/2011, por que sua gestão não fiscaliza os crimes ambientais escancarados que ocorrem em Salvador e na RMS? Está com medo de desagradar a prefeitura de Bruno Reis? Ou o silêncio é uma forma de agradar seu padrinho político?
Quando a política manda, o meio ambiente apanha.
Estamos diante de um caso clássico de captura institucional, quando um órgão técnico é tomado por interesses políticos e perde sua função pública. A função do IBAMA é proteger o meio ambiente, não proteger a imagem de prefeitos omissos nem se curvar a coronéis da velha política.
Bruno Neves precisa entender que o IBAMA não é extensão do gabinete de Leo Prates. Que a proteção ambiental não pode ser seletiva conforme a cartilha partidária. E que a Bahia precisa, urgentemente, de uma fiscalização firme, supletiva e despolitizada.
Porque do jeito que está, o IBAMA Bahia virou um “Instituto de Boas Aparências, Mas Amordaçado” — bonito no nome, mas frouxo na ação.
E quem paga essa conta é a natureza. É a população. É o futuro.
*Os conteúdos publicados nesta seção expressam a opinião de seus respectivos autores e não representam, necessariamente, a visão ou o posicionamento do É Notícias.