A Cooperativa de Transporte Alternativo de Passageiros e Turismo Expresso Linha Branca, responsável por parte do transporte complementar na BA-099 (Estrada do Coco/Linha Verde), vem sendo alvo de denúncias de cooperados e ex-integrantes sobre possível concentração de poder e práticas que contrariariam princípios básicos do cooperativismo.
Fontes ouvidas pelo É Notícias, sob condição de anonimato por temerem retaliação, relatam que a cooperativa — criada para funcionar como associação democrática entre trabalhadores — teria se tornado um espaço com decisões centralizadas, com dificuldade de participação ampla dos cooperados e casos de exclusão de associados.
“Lá dentro ninguém pode discordar. Se questionar ou tentar mudar alguma coisa, é expulso. Já aconteceu com vários cooperados”, disse uma das fontes. Outro motorista afirmou: “Quem é doido de denunciar policial? A cooperativa, pelo que sei, tem muitos integrantes ligados à Polícia Militar. Isso gera uma percepção de controle interno.”
A atual diretoria, eleita em janeiro de 2025, mantém o comando da cooperativa há anos, segundo registros públicos, sem alternância efetiva. Documentos e relatos obtidos pelo É Notícias indicam que parte dos dirigentes teria vínculo com a Polícia Militar, fato que, segundo especialistas consultados, pode configurar potencial conflito de interesse e demandaria apuração.
Alguns cooperados afirmam que o controle vai além dos nomes oficiais. “Quem controla de fato não parece. O nome que aparece é só fachada”, relatou outro condutor. Essas denúncias levantam questionamentos sobre a gestão e transparência da cooperativa.
Especialistas ouvidos pela reportagem destacam que, caso confirmada a concentração de poder, a situação pode configurar desvio dos princípios cooperativistas previstos na Lei 5.764/1971, que estabelece gestão democrática, participação livre dos associados e alternância de direção. Também pode haver implicações administrativas e tributárias, caso comprovadas irregularidades.
O É Notícias procurou a Cooperativa Expresso Linha Branca e a Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba) para manifestação sobre as denúncias, mas não houve retorno até o fechamento desta matéria. O espaço permanece aberto para esclarecimentos.
A reportagem seguirá acompanhando o caso e publicará novos documentos, depoimentos e esclarecimentos sobre a gestão da Expresso Linha Branca e seus impactos sobre motoristas e passageiros do transporte complementar na BA-099.