Uma investigação do É Notícias aponta que a diretoria da Cooperativa de Transporte Alternativo de Passageiros e Turismo Expresso Linha Branca, responsável por parte significativa do transporte de passageiros na BA-099 (Estrada do Coco/Linha Verde), possui composição considerada atípica e levanta questionamentos sobre eventuais favorecimentos.

Segundo registros obtidos, embora todos os dirigentes constem oficialmente como “motoristas” em ata registrada na Junta Comercial do Estado da Bahia (JUCEB), há indícios de que parte deles atua como policiais em atividade, o que suscita dúvidas sobre possíveis conflitos de interesse.

A ata da assembleia geral ordinária, datada de 27 de janeiro de 2025, indica que a diretoria executiva é composta por Sandro Couto Dias (presidente), Erivander Conceição Mascarenhas (vice-presidente), Éder de Freitas Bispo (tesoureiro) e Nildo Santana dos Santos (diretor).

A apuração cruzou documentos públicos e informações do setor, revelando indícios de que Erivander Mascarenhas e Éder Bispo seriam policiais da ativa — situação que, segundo especialistas consultados, poderia caracterizar conflito de interesse, uma vez que a Polícia Militar integra a fiscalização da própria BA-099.

O balanço patrimonial da cooperativa referente ao exercício de 2024 demonstra estrutura financeira robusta, com ativo total de R$ 1.256.129,25 e patrimônio líquido de R$ 1.178.934,13. Os números reforçam questionamentos sobre quem exerce efetivamente o controle das operações.

Denúncias de motoristas independentes e relatos de usuários apontam indícios de tratamento desigual na fiscalização, o que alimenta a percepção de favorecimento no setor. Registros em vídeo obtidos pelo É Notícias mostram vans da cooperativa operando com superlotação — transportando entre 30 e 50 passageiros em veículos com capacidade para 17 — e circulando com aparente liberdade.

Em contrapartida, condutores autônomos relatam autuações recorrentes, apreensões de veículos e queda acentuada na renda.
Um motorista que preferiu não se identificar afirmou:

“Parece que a fiscalização não é igual pra todos. Quem é da cooperativa quase nunca é parado.”

Imagens analisadas pela reportagem mostram veículos sendo liberados rapidamente após abordagens, o que reforça os questionamentos levantados pela apuração.

O É Notícias buscou posicionamento da Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba), da Polícia Rodoviária Estadual (PRE) e da própria Expresso Linha Branca, mas não obteve resposta até o fechamento desta reportagem. O espaço segue aberto para esclarecimentos.

A investigação prossegue, com foco em possíveis conflitos de interesse, eventuais irregularidades na gestão financeira da cooperativa, impactos econômicos sobre trabalhadores autônomos e nas condições de segurança do transporte realizado na BA-099.

Clique aqui para ver o documento "ATA AGO COOP LINHA BRANCA EM 07 01 2025_REGISTRADA.pdf"