Cada vez mais comum, a prática criminosa de clonagem de placas tem chamado atenção no estado da Bahia, que registrou mais de 300 processos apenas em 2022. Apesar de ser frequente, um caso de falsificação relatado por uma ouvinte da Rádio Metropole em Salvador resultou em um prejuízo que soou absurdo até para as autoridades: 180 multas, equivalentes ao total de R$ 24 mil.
A assistente social Maria Andrade* relatou ao Metro1 que foi pega de surpresa ao descobrir o acúmulo de dívidas durante uma blitz, onde foi informada por um agente da Transalvador (Superintendência de Trânsito de Salvador) a respeito da quantidade de multas ligadas ao veículo.
Apesar da singularidade desta situação, ações semelhantes não são incomuns. Os criminosos costumam buscar por um veículo parecido com um que já possuem para se passar por ele. A qualidade da “cópia” é impressionante. No caso de Maria Andrade, a fraude foi descoberta por pequenos detalhes que distinguiam os veículos, como a falta de um arranhão e um sensor de ré.
Para a ouvinte da Metropole, os impactos do crime foram diversos. O carro da denunciante faz o transporte de seu filho, que é diagnosticado com espectro autista e recebe acompanhamento semanalmente. Como o veículo está há aproximadamente 20 dias apreendido, ela precisou arcar com um custo da estadia, assim como o aluguel de um automóvel para sanar a necessidade de locomoção do filho.
Ao Metro1, Maria Andrade ainda reclamou da demora do Detran (Departamento Estadual de Trânsito) para abrir o processo sobre a clonagem do carro. Sem o órgão confirmar que a placa do carro foi copiada, não há como cancelar as multas e retirar o carro que está retido na Transalvador.
Procurado pela reportagem, o Detran informou que a ouvinte "esteve no Departamento algumas vezes sem apresentar todos os documentos exigidos e sem as informações completas não é possível dar entrada no requerimento de abertura do processo de clonagem". A versão do departamento foi contestada por Maria Andrade, que garantiu ter encaminhados todos os documentos exigidos pela portaria da autarquia.
A advogada de Maria Andrade, Vanessa Santos, disse que vai pedir à Justiça a suspensão das multas para que a cliente possa retirar o veículo do pátio. “Há todos os indícios de clonagem, já que foi apresentada toda a documentação pertinente. Foi aberto o processo para a troca de placa, o que se busca agora é a liberação do veículo”, declarou.
*Nome fictício usado para preservar a fonte.