A delegada-geral da Polícia Civil da Bahia, Heloísa Brito, conversou com o Informe Baiano, na terça-feira (14/05), na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba). Na ocasião, foi assinado o Termo de Cooperação Técnica entre a Procuradoria Especial da Mulher da (PEM) da Alba e a Secretaria de Segurança Pública, através do Departamento de Proteção à Mulher, Cidadania e Pessoas Vulneráveis (DPMCV) da Polícia Civil.
Antes do ato, o IB questionou Brito sobre o avanço da facções criminosas, até mesmo na política baiana. Há relatos que o Comando Vermelho (CV) e o Bonde do Maluco (BDM) estariam patrocinando pré-candidatos a prefeito e a vereadores em algumas cidades.
“É uma questão que tem que ser debatida por toda a sociedade, não só baiana, mas brasileira. Quem são os nossos representantes legislativos e em todos os poderes? Nós, infelizmente, observamos essa tentativa do crime organizado em fazer parte do Poder, de alguma esfera de Poder. Seja ela qual for, e isso é extremamente preocupante”, admitiu.
A delegada-geral lembrou que “serão essas pessoas, esses representantes, que irão fazer as leis, que irão opinar a cerca dos rumos da nossa nação”.
“É óbvio que existe todo regramento legal para que um candidato consiga colocar a sua candidatura à disposição, mas independente disso é preciso que faça, sim, toda uma observação de quem é esse indivíduo, quais são os valores que ele prega, o que ele acredita para que a gente faça escolhas mais acertadas”, pontua.
Integrantes de setores de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública (SSP) revelaram ao IB que já há indícios de participação do crime organizado em prefeituras do interior baiano, inclusive, na indicação de secretários municipais. Entre as pastas citadas estão Infraestrutura e Transporte.
No mês de março, em postagem nas redes sociais, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, chegou a fazer um alerta sobre o tema. Ele citou a ’sofisticação’ do crime organizado no País e disse que ‘um país assume a condição de ‘Narcoestado’ quando o poder do tráfico tem domínio de suas instituições sociais e políticas’. Também fez referência à uma entrevista que concedeu à GloboNews. “Mostrei que os sinais estão aí: facções invadindo os espaços da democracia e da religião, ambos sagrados para o Estado Democrático de Direito.”
Heloísa Brito disse também ao IB que “toda vez que a gente tem uma denúncia, a gente investiga, mas tem algumas situações, que apesar de ainda não estarem devidamente consolidadas, as informações demonstram que esse indivíduo pode ter outros objetivos que não a lei, que não a lisura do processo”.
Por fim, a delegada-geral clamou “que a gente possa, juntos, escolhermos de modo muito criterioso os nossos representantes”.