O É Notícias segue aprofundando a investigação sobre o transporte alternativo que liga Salvador ao Litoral Norte, reunindo novos elementos que compõem um cenário preocupante. Relatos e indícios obtidos nos últimos meses apontam para a formação de um esquema articulado envolvendo o Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv), políticos e agentes fiscalizadores com o objetivo de controlar, de forma exclusiva, o transporte alternativo na região.
Motoristas independentes denunciam que suas atividades têm sido alvo constante de fiscalização, autuações e barreiras administrativas, enquanto vans da Cooperativa Expresso Linha Branca circulam livremente, mesmo em condições irregulares como a superlotação. Essa diferença de tratamento levanta suspeitas sobre a existência de um conluio para favorecer a cooperativa em detrimento da concorrência.
Informações obtidas pela reportagem indicam que parte da estrutura da Linha Branca é composta por policiais militares, civis e agentes ligados ao poder público. Entre eles, um dos dirigentes da cooperativa seria policial rodoviário em exercício justamente no trecho da BA-099 — fato que aumenta os indícios de conflito de interesses e reforça a percepção de blindagem institucional. Denunciantes afirmam que isso explicaria a facilidade com que a cooperativa opera, mesmo diante de irregularidades documentadas.
A reportagem obteve imagens e vídeos que mostram um padrão preocupante: enquanto taxistas e veículos independentes são parados para fiscalização no posto policial da BA-099, vans da Linha Branca seguem livremente, sem qualquer interrupção. Esses registros não seriam casos isolados. Diversos vídeos apontam para uma prática recorrente, reforçando os indícios de tratamento diferenciado e conluio entre agentes fiscalizadores e a cooperativa, numa possível estratégia para consolidar o controle exclusivo do transporte no trecho.
Para motoristas e passageiros, o resultado é a redução progressiva da concorrência e o fortalecimento de um grupo restrito. “É como se quisessem eliminar qualquer outra forma de transporte que não seja deles”, relatou um motorista ouvido pela reportagem.
A expressão “Milícia do Asfalto” tem sido cada vez mais utilizada para definir a situação. Mais do que uma descrição do risco à segurança, o termo reflete a percepção de que um grupo organizado, com acesso a influência política e poder de fiscalização, estaria impondo regras próprias para manter o controle da estrada.
As denúncias estão em apuração e serão aprofundadas nas próximas reportagens. O É Notícias seguirá investigando como ocorre essa articulação e quais são os impactos diretos para passageiros, motoristas independentes e para a concorrência no transporte alternativo da BA-099.
O espaço permanece aberto para manifestação da Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba), do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv) e da Cooperativa Expresso Linha Branca.
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