
O cantor camaçariense Felipão formalizou, nesta quarta-feira (26), uma queixa-crime na 18ª Delegacia Territorial de Camaçari contra o vereador e pastor Manoel Ciriaco Barbosa Filho (PL), após ter sido alvo de ataques públicos durante sessão da Câmara Municipal. O caso foi imediatamente encaminhado ao Ministério Público da Bahia (MP-BA), que analisará a responsabilização criminal do parlamentar.
A iniciativa ocorre após a repercussão das declarações feitas por Manoel Filho, que utilizou a tribuna para promover ofensas pessoais, comentários gordofóbicos e insinuações políticas contra o artista — apesar de não ter comparecido ao Bahia Gospel Festival, evento no qual Felipão se apresentou representando a cena gospel da cidade.
Durante a sessão, o vereador chamou o artista de “xodozinho” e afirmou que ele estaria “comendo, gordo de tanto comer”, além de insinuar favorecimento no pagamento de cachês culturais. As falas foram classificadas por músicos, produtores culturais e fiéis evangélicos como ataque direto à dignidade do artista e uso político do púlpito legislativo.
O discurso foi gravado, registrado em ata e transmitido pelo canal oficial da TV Câmara no YouTube, o que agrava a repercussão e amplia a responsabilidade do vereador por utilizar uma sessão pública para expor e ridicularizar um trabalhador da cidade.
Com base nos ataques registrados em vídeo, o cantor compareceu à delegacia e formalizou a queixa-crime. O procedimento, agora sob análise do Ministério Público, pode resultar em denúncia judicial por crimes contra a honra praticados por agente público no exercício do cargo.
A postura do vereador também gerou forte reação dentro da própria comunidade evangélica, especialmente pelo uso de referências bíblicas para justificar ataques pessoais.
“Usar a fé para humilhar o próximo não condiz com o Evangelho”, afirmou uma fiel. Outro integrante questionou o discurso:
“Como criticar um evento que ele nem assistiu? E por que atacar um trabalhador da cidade?”
O fato de o festival ter valorizado artistas locais — 14 das 21 atrações eram de Camaçari — reforçou a percepção de que o ataque teve motivação política, já que o evento foi realizado pelo Governo do Estado em parceria com a Prefeitura, gestão à qual Manoel Filho faz oposição.
O É Notícias tentou contato com o vereador para comentar a queixa-crime e as críticas ao seu discurso, mas não obteve retorno até a última atualização desta matéria. O espaço segue aberto para manifestação.